Sobre o saber, o fazer e o trançar: uma proposta de classificação do Transado de fibras do Estado do Piauí
Trançado de fibras, Patrimônio, Proposta de Classificação.
Desde a antiguidade, o trançado de fibras persiste ultrapassando as barreiras do tempo, no qual pode ser observado nos lugares, saberes, fazeres e usos das populações indígenas, também tradicionais urbanas e rurais, perpetuando através das memórias e dos traços culturais que impregnam os grupos aos quais pertencem. A partir de tais considerações, a presente pesquisa tem por objetivo realizar um inventário e Proposta de Classificação para o Trançado de fibras produzido e comercializado nos Estado do Piauí e Maranhão, provenientes de artesãos/artesãs da cidade de Altos/PI e de grupos indígenas de Barra do Corda/MA, através de parâmetros como a forma, técnica de execução, matéria prima, função entre outros aspectos. A problemática envolve quais parâmetros devem ser considerados para a classificação pautados principalmente pelas singularidades e regularidades presentes no Trançado pesquisado. As pesquisas de campo realizaram-se mais efetivamente a partir de novembro de 2014, reiniciando em janeiro de 2015 até a segunda quinzena de abril de 2015, semanalmente, na cidade de Altos e por três vezes no mercado central, além de uma visita à Casa do Índio em Teresina, que proporcionou a observação dos modos de saber, fazer e usos dos trançados presentes no cotidiano desses grupos. O campo persistirá até a conclusão deste trabalho. O embasamento teórico-metodológico está relacionado à discussão sobre patrimônio, etnoarqueologia e conceitos, características e análises sobre o Trançado de Fibras, sob a perspectiva lançada por Ribeiro (1985), além de outros aspectos antropológicos, culturais, arqueológicos que possam enriquecer estas discussões. Sobre o patrimônio, o objetivo é ressaltar a importância do Trançado de Fibras como indicador cultural de grupos humanos tanto em sepultamentos indígenas quanto em trançados produzidos por grupos tradicionais urbanos e rurais como os artesãos de Altos/PI e que deve ser valorizado por estar presente no cotidiano de diversas sociedades. A etnoarqueologia surge como uma "ponte" que permite analogias etnográficas como suporte para a interpretação de dados provenientes de contextos arqueológicos através dos estudos dos padrões, das relações sociais, da utilização do espaço de forma hieraquizada, entre outros. Neste caso, os dados arqueológicos estão presentes na revisão bibliográfica realizada para identificar trançados de fibras presentes em sítios arqueológicos do Nordeste do Brasil, sendo que estes são identificados desde a pré-história em sepultamentos, seja através da cultura material, seja através de dados etnográficos, presentes em relatos de cronistas. A justificativa principal é que trabalho pretende dar a devida valoração e valorização ao trançado de fibras do nosso povo.