Envelhecimento. Mulheres. Família. Corpo. Sociabilidade.
O crescimento da longevidade no nosso país traz a tona o envelhecimento como dimensão importante da realidade social a se compreender, sobretudo, na contemporaneidade em que há uma supervalorização da juventude e da busca pelo corpo ideal. Considera-se idosa a pessoa que tem 60 anos ou mais de idade, o que significa uma experiência singular, heterogênea, sujeita às influencias socioculturais, econômicas e políticas que podem interferir de forma positiva e/ou negativa na vivência da velhice. As transformações demográficas ocorridas nos últimos anos mostram uma tendência ao envelhecimento da população brasileira, na qual se destaca o elevado número de mulheres, sendo este fenômeno denominado por alguns estudiosos de feminização da velhice. O presente trabalho objetiva analisar como se processa a vivência da velhice e os significados atribuídos a ela pelas idosas que participam do Programa da Terceira Idade em Ação-PTIA, da Universidade Federal do Piauí, no que se refere aos espaços de sociabilidades, a família, e o corpo, a fim de compreender os sentidos elencados à condição de idosas no tocante a esses aspectos que se considera importantes. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa que enfatiza a dimensão simbólica e a produção de sentidos das falas desses sujeitos, considerando o envelhecimento como um fenômeno sociocultural. As informações de campo foram coletadas através das técnicas de observação participante e entrevistas. O tratamento analítico dos dados foi realizado através da análise de discursos. O lócus de pesquisa foi o PTIA, localizado na UFPI, Campus Ministro Petrônio Portela, em Teresina, e contou com a participação de mulheres idosas desse Programa e alunas da disciplina “Sociabilidade, Família e Envelhecimento”. Na fundamentação teórica tomou-se como categorias analíticas o envelhecimento, família/gênero, corpo e grupos de sociabilidade, abordando suas contribuições antropológicas clássicas e contemporâneas sobre a temática em foco. Através das falas e das dinâmicas aplicadas em sala de aula, se pode evidenciar que as percepções delas sobre a velhice mostrou-se ampliada, indo para além do estereótipo de velhice como inatividade e doença, estendendo-se a sentimentos e manifestações de empoderamento e ressignificação de suas vidas, evidenciando o processo de envelhecimento e os modos de vivê-lo e representa-lo como uma construção social e cultural de caráter multidimensional.