A morosidade do Poder Judiciário é um problema conhecido por todos. Quando se pensa nessa problemática, se analisa em geral causas objetivas como a falta de estrutura e a relação entre o número de processos e a quantidade de servidores. Nesse trabalho, contudo, se busca compreender a morosidade a partir de uma perspectiva da antropologia do tempo, por entender a morosidade como uma faceta temporal da burocracia. Além disso, se propõe a pensar a morosidade como uma prática de poder. A proposta aqui é buscar uma compreensão do tempo do direito a partir da morosidade, considerando de forma primeira as experiências das partes e das advogadas entrevistadas. Este trabalho nos permite sentir que a morosidade é algo que não é intrínseca ao processo físico/eletrônico, mas permeia por toda a experiência vivida dentro do Judiciário e que o tempo, que é a grande questão, que é o que está em jogo, é a dádiva buscada por quem adentra o Judiciário pleiteando algum direito, podendo ser manipulado, sendo possível ainda notar que o tempo é uma questão de percepção, isto é, que servidores não o experimentam da mesma forma que as partes advogadas.