O presente estudo aborda as práticas e saberes do espaço de trabalho dos camponeses quilombolas do sertão piauiense, como o objetivo de compreender as transformações alimentares ao analisar a relação cultural entre a alimentação e a construção da identidade quilombola. A construção etnográfica foi realizada a partir de relações, vivências, conversas e observações com famílias de camponeses quilombolas. De maneira que a categoria "roça" torna-se significativa na construção e afirmação da identidade étnica desse grupo e constitui um espaço de trabalho, de relações familiares e marcas identitárias importantes à percepção sistêmica que eles têm da natureza. A relação homem/natureza são opostas ao mesmo tempo que se complementam no âmbito do trabalho e da reciprocidade existente entre ambos. Por isso, a dieta alimentar é determinada pelo trabalho na roça segundo a dinâmica com o meio ambiente e de acordo com a necessidade do corpo para desenvolver suas atividades. Para alcançar esse objetivo foi necessário a interpretação da lógica do sistema de trabalho na roça buscando compreender como os espaços se articulam contribuindo na produção e reprodução do modo de vida desse grupo.