O presente trabalho tem como objeto de estudo a constituição de duas práticas distintas originadas da desarticulação de um “coletivo” de Capoeira da cidade de Teresina, que fez uso, entre 2010 e 2018, do espaço público dos Parques da Cidade, Potycabana e Cidadania para prática da Capoeira Angola. É possível dizer que uma das práticas aqui pesquisadas faz uso do espaço público do Parque da Cidade para disseminar, através de oficinas, um saber tradicional representado pela musicalidade da Capoeira “Angola-Regional”, ao mesmo tempo em que a outra sobrepõe o saber terapêutico de técnicas como Pilates, RPG e Osteopatia ao saber capoeirístico, na formulação de um método em uma Clínica de Fisioterapia da cidade, espaço no qual ocorre a incorporação de outros valores à prática da Capoeira. O objetivo é compreender como tais práticas constituem arranjos sociais distintos e relacionados entre si em um contexto no qual a maioria dos agentes está vinculado a outros “grupos” de Capoeira da cidade. Para
realizar esta análise, utiliza-se o método etnográfico e o acompanhamento de atividades nas redes sociais de dois dos agentes do fenômeno pesquisado. Conclui-se que a flexibilização identitária é um dos principais valores responsáveis pela constituição de ambas as práticas no espaço público e no espaço privado, ao mesmo tempo em que se configura como uma das características que as aproximam.