Este trabalho tem como objetivo compreender as nuances da educação intercultural para povos indígenas do Maranhão envolvidos na primeira licenciatura intercultural do estado: a Licenciatura Intercultural para Educação Básica Indígena (LIEBI) da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Para tanto, mobilizo os eventos que dizem respeito aos bastidores da concepção do curso, desde a formação de uma rede de articuladores composta por indígenas e parceiros da luta por políticas públicas para povos indígenas até à quotidianidade das experiências vividas no curso. O objetivo é tentar compreender o terreno aparentemente fértil e disputado que é a universidade, enquanto lugar de violência simbólica, mas também de luta política e epistemológica e como que os alunos e alunas indígenas envolvidos nesse espaço mobilizam um “devir ameríndio” capaz de dissolver, criar e transformar a forma como exergamos a realidade. Invisto nas noções de experiência, autoreflexão e autopercepção (GOLDMAN, 2006) enquanto percurso teórico-metodológico, pois sou produto e produtora dos acontecimentos que envolvem o ensino superior indígena da UEMA, bem como me debruço sobre dados que obtive em meu campo de pesquisa através do meu envolvimento enquanto apoio pedagógico e administrativo do curso da UEMA desde 2015 até os dias atuais.