ÔH, QUE CAMINHO TÃO LONGE, QUASE QUE EU NÃO VINHA!: análise do trinômio doença-religiosidade-saúde na Umbanda de Teresina-Piauí, no trabalho de cura com Caboclos
Religiosidade. Umbanda. Cura. Representações. Processo Saúde-Doença
A Umbanda configura-se como um sistema de crenças que reúne elementos do catolicismo, kardecismo e das tradições brasileiras afro-ameríndias e de religiões de matriz africana, demonstrando seu potencial no âmbito da diversidade religiosa e dos diversos diálogos que o imaginário que compõe a sua cosmovisão, possibilita a quem a procura e para seus adeptos, numa interseção entre o sincretismo e hibridização de suas práticas. Com isso, a condição plural dos terreiros os leva a se apresentarem como espaços de socialização entre vários universos de manifestação do que seus integrantes aceitam como o contato com o sagrado e sua espiritualidade, assim como é possível observar durante seus rituais de cura (no caso dessa pesquisa, os trabalhos de cura com Caboclos), o que para seus adeptos se configura como práticas terapêutico religiosas para o restabelecimento da saúde tanto dos próprios filhos(as) de santo como dos indivíduos que procuram tais espaços. Do que observamos, tais práticas são consideradas em termos do acolhimento e assistência prestados a quem procura essa religião, demonstrando com isso seu grande potencial de complementariedade com os tratamentos e/ou diagnósticos iniciados no sistema de saúde oficial, além de também atenderem as diretrizes de políticas públicas de saúde que possam ser trabalhadas nos espaços e público dos terreiros. Para tanto, o objetivo desta pesquisa foi o de analisar as construções narrativas presentes nos trabalhos de cura com Caboclos da Umbanda teresinense, procurando pensar sobre o trinômio doença-religiosidade-saúde nesta religião, considerando sua cosmologia e as práticas dos atores envolvidos em termos do que os discursos e narrativas que permeiam essa religiosidade possam construir, acerca dos sentidos sobre o adoecer e o restabelecimento do equilíbrio da saúde dos atores envolvidos. Para isso, o estudo se deu, inicialmente, por meio de pesquisa de caráter etnográfico, observação participante e entrevistas semi-estruturadas, com os adeptos e com um guia espiritual, dirigente de um trabalho de cura, em um dos 02 (dois) terreiros da zona norte de Teresina, pesquisados. Espera-se analisar as representações advindas das práticas terapêuticas religiosas nos terreiros umbandistas, aplicadas às experiências e vivências no trato com o sagrado e com o espiritual.