VOZES AFRODESCENDENTES: O QUE CONTAM ALGUNS(MAS) ESTUDANTES DA UFPI SOBRE SEUS ENCONTROS MEMORÁVEIS COM PROGRAMAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS?
Afrodescendência. Assistência Estudantil. Educação. Ações afirmativas.
Com a pesquisa que deu origem a esta dissertação, buscamos compreender a importância das ações afirmativas desenvolvidas no âmbito da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC) na Universidade Federal do Piauí (UFPI) a partir da concepção de seis estudantes afrodescendentes, cotistas, contempladas(os) com os benefícios das Bolsa de Apoio ao Estudante (BAE) e Residência Universitária (REU). Na pesquisa nos propusemos a identificar alguns aspectos do perfil das(os) estudantes envolvidas(os) e conhecer algumas de suas experiências com relação a estes dois benefícios; sondando quais as dificuldades que elas(es) enfrentam ao chegar ao ensino superior, o que esperam da assistência estudantil na UFPI e o que pensam a respeito dos serviços oferecidos pela PRAEC, e de quais são beneficiárias(os). A motivação para esta temática partiu da percepção da nossa história de vida como estudante afrodescendente, da nossa formação acadêmica e das vivências que a prática laboral como profissional atuante na assistência estudantil desta instituição nos traz. A problemática deste trabalho nos provocou a pensar em como a assistência estudantil da UFPI faz inclusão? Como os benefícios desta universidade federal pública através de sua Pró-Reitoria, contribuem para permanência da(o) estudante? Como podemos melhor entender a prática de trabalho com um segmento da população marginalizada de uma instituição pública de ensino? Como profissionais deste tipo de instituição são vistas(os) pelas(os) usuárias(os) destes benefícios? Para que chegássemos a algumas respostas recorremos a uma abordagem metodológica quali-quantitativa que nos aproximasse das(os) participantes e que ao mesmo tempo nos fizesse refletir sobre esta mesma temática de modo amplo. Assim, como instrumentos para acessar as informações, utilizamos a entrevista semiestruturada, narrativa através de diários, análise de documentos e releitura de pesquisas estatísticas. Nosso estudo teve sustentação em autoras(es) como: Boakari (1999, 2007, 2013); Cunha Júnior (2005); Gomes (2012); Olive (2002); Silvério (2003, 2007), Silva (2003); Santos (2011); Romanelli (2009) e outros(as). Os dados analisados nos apresentaram elementos para refletirmos sobre as implicações (e realidades?) de ser estudante universitária(o) afrodescendente, e sobretudo, a respeito das desigualdades sociais e raciais presentes em nossa sociedade brasileira. Os resultados deste trabalho, evidenciaram alguns dos anseios das(os) estudantes que colaboraram com a pesquisa, como também, possivelmente de outras(os) universitárias(os) em situações semelhantes. Vale mencionar que estes mesmos resultados apresentaram um novo modo possível de desenvolver projetos de apoio estudantil que valorizem a cidadania das(os) beneficiárias(os).