RESUMO
A leitura e a escrita são reconhecidamente valorizadas nas sociedades constituindo-se o canal para o acesso à informação e à produção do conhecimento. Vários aspectos estão imersos no domínio da língua escrita: possibilidade de participação social que se reverte em inclusão social e direito de cidadania. O papel do professor alfabetizador incorpora o compromisso de ensinar o aluno a ler e a escrever, bem como ser usuário desses processos na vida social. Constitui-se um desafio que transcende amplamente a alfabetização: inserir o alunado à cultura do escrito, fazendo da escola um espaço onde leitura, escrita, produção e interpretação de textos sejam direitos legitimados, sendo práticas vivas e vitais. O presente estudo está associado a linha de pesquisa Formação Docente e Prática Educativa, tem como objeto de investigação e foco a seguinte questão: Quais as relações entre as experiências de letramento de alfabetizadores em suas histórias de vida pessoal e profissional e a reelaboração de suas práticas no ensino da leitura e da escrita? Nesta perspectiva o estudo tem como objetivo geral investigar quais as relações entre as experiências de letramento de alfabetizadoras em suas histórias de vida pessoal e profissional e a reelaboração de suas práticas no ensino da leitura e da escrita. Com base nesse objetivo o estudo será desenvolvido a partir das seguintes questões norteadoras: Que situações de leitura e escrita compõem as histórias de vida pessoal e profissional de alfabetizadoras? Que mediadores de letramentos afetaram as histórias de leitura e escrita de alfabetizadoras? Quais situações de letramento estão presentes na prática docente alfabetizadora? Que possibilidades de reelaboração das práticas de letramento são indicadas pelas alfabetizadoras?. O desenvolvimento desse estudo tem embasamento teórico – metodológico respaldado nas contribuições de Street (2014), Contreras (2002), Brito (2011), Freire (2005, 2011, 2014) Kleiman (2007), Machado e Formosinho (2009), Giroux e McLaren (1997), Giroux (1998), Ferreira (2009), entre outros. O estudo tem como metodologia a pesquisa narrativa, seguindo os pressupostos do método autobiográfico. A metodologia é pautada nas narrativas porque permite extrair aspectos objetivos das histórias narradas que revelam e traduzem os significados implícitos sobre o letramento das professoras alfabetizadoras. Harmoniza-se com a análise dos aspectos da realidade educacional vivenciada pelas interlocutoras da pesquisa e com a nossa intenção de investigar a constituição do letramento de alfabetizadoras em suas histórias de vida pessoal e profissional Teve como técnica de produção de dados a oficina biográfica e o memorial conforme orientações de Delory-Momberger (2014). O Estudo contou com a participação de sete professoras selecionadas de acordo com os seguintes critérios pertencer ao quadro de professores efetivos da rede, está atuando em classes de alfabetização, ou seja, até o 4º ano do ensino fundamental e que queira e tenha disponibilidade para participar da pesquisa. Os dados produzidos mostram que as alfabetizadoras vivenciaram/vivenciam diferentes situações de leitura e escrita, com ênfase em objetivos escolares e acadêmicos. Mostram, também, que diferentes mediadores compuseram histórias de letramento, destacando-se a ação familiar e de professores nos diferentes níveis de ensino.