A constituição da identidade é processo que tem origem nas múltiplas relações que o indivíduo estabelece com a realidade, sobretudo, consigo e com as pessoas que compõem os grupos dos quais participa, se assemelhando, se diferenciando e desenvolvendo sua individualidade e a consciência de si mesmo. Partindo dessa concepção, realizou-se pesquisa com o objetivo geral de compreender as significações produzidas por uma professora da educação básica sobre a prática docente e suas relações com a constituição da sua identidade. Para o desenvolvimento dessa investigação foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: analisar as significações que articulam os significados e sentidos produzidos por uma professora da educação básica sobre a prática docente; conhecer os principais processos que têm constituído a identidade docente; entender como os elementos da relação pedagógica medeiam a constituição da identidade docente. O referencial teórico-metodológico assentou-se nos fundamentos e princípios do Materialismo Histórico Dialético e da Psicologia Sócio Histórica, precisamente nas obras de Marx (1983), Engels (1979), Vygotsky e Luria (1996), Vigotski (2007; 2009), Leontiev (1978) e na concepção de identidade como metamorfose, proposta por Ciampa (1985; 2005). A investigação de natureza qualitativa contou com a participação de uma professora que atua na educação básica em escola da rede estadual de educação, localizada na cidade de Teresina, no estado do Piauí. A produção dos dados foi realizada através de entrevista narrativa, para a qual buscou-se suporte em Bruner (1991) e em Bauer e Jovchelovich (2010). A análise e a interpretação dos dados foram desenvolvidas a partir dos Núcleos de Significação, procedimento metodológico proposto por Aguiar e Ozella (2006; 2013). Os resultados alcançados evidenciaram que a identidade docente se constitui a partir de processos que se desenvolvem no decorrer da vida do professor, não somente no período de exercício profissional. Dentre os determinantes histórico-sociais da profissão, destacaram-se como constituintes da identidade docente, as contradições que se revelam no processo de escolha profissional; no processo de formação inicial; no exercício inicial da profissão e, ainda, nos processos de desvalorização do professor e na sobrecarga de novas responsabilidades relacionadas a valores básicos essenciais ao processo formativo dos seres humanos, que antes eram atribuídas à família.