O ser jovem em meio à heteronormatividade é o tema-gerador desta pesquisa. O objetivo geral é de analisar confetos (conceitos + afetos) produzidos por jovens estudantes do CETI Profa. Maria da Conceição Salomé sobre o ser jovem em meio à heteronormatividade. Tem como objetivos específicos: identificar quem são as/os jovens do CETI Profa. Maria da Conceição Salomé ditos por elas/es mesmos; perceber o que estas/es jovens pensam sobre o ser jovem em meio à heteronormatividade; identificar os problemas vivenciados por estas/es jovens em meio à heteronormatividade; identificar as estratégias das/os jovens deste espaço escolar frente aos problemas vivenciados em meio à heteronormatividade. A pesquisa utilizou a abordagem de pesquisa Sociopoética, prática social de construção coletiva do conhecimento à luz de Gauthier (1999, 2005, 2012), Adad (2004, 2011, 2014) e Petit (2014) dentre outros. Esta abordagem parte de uma multirreferencialidade de fontes e inspirações teóricas e está pautada em cinco princípios, a saber: pesquisar com pessoas de um grupo; pesquisar com as culturas de resistência, das categorias e dos conceitos que produze; pesquisar com o corpo todo; uso da arte; e responsabilidade ética, noética e espiritual do grupo-pesquisador no momento do processo de pesquisa. A metodologia se deu por meio de oficinas com vivências sociopoéticas. Os dados foram registrados pelo audiovisual e diários de itinerância, produzidos a partir de duas técnicas artísticas intituladas: Retalhos do ser jovem em meio à heteronormatividade e seu desdobramento Estandarte do ser jovem em meio à heteronormatividade. Quando analisados, os dados revelam dimensões do pensamento do grupo-pesquisador de como ser jovem dentro da construção heteronormativa e evidenciaram que há jovens que são impedidos de ser o que são pela família e pela sociedade e outros que não são impedidos, pois são as próprias regras da sociedade; Lugares do ser jovem em meio à heteronormatividade - o grupo-pesquisador mostrou que há lugares que o ser jovem pode ser o que quiser sem impedimentos, preconceitos e críticas, lugares que são totalmente bloqueados para quem é homossexual e lugares que os jovens são robôs; Problemas do ser jovem em meio à heteronormatividade - as jovens e os jovens pontuaram que em meio à heteronormatividade, além dos problemas que os travam, os arrastam e os impedem de lidar com seus problemas sozinhos, também há os problemas com a família; e Estratégias frente aos problemas vivenciados em meio à heteronormatividade - as copesquisadoras e os copesquisadores fizeram emergir suas estratégias e a ajuda da mãe e dos amigos frente aos problemas descritos pelo grupo-pesquisador. Essas dimensões do pensamento do grupo-pesquisador indicam a desconstrução de ideias naturalizadas sobre o ser jovem e sua relação com a heteronormatividade, possibilitando outras formas de pensar esta temática para além do instituído e imposto socialmente. Neste sentido, os relatos produzidos durante as oficinas revelaram um turbilhão de ideias com as marcas das multifaces juvenis para além da heteronormatividade, denunciando o preconceito, a violência, a tristeza, o envolvimento com drogas, os problemas familiares, dentre outros que atravessam o ser jovem no contemporâneo. São produções e narrativas que reivindicam esperança, amor, respeito e, principalmente, o direito à voz.