O estudo tem como objetivo compreender como a formação inicial de professores da Educação Básica ofertada pelo Parfor da UFPI é interpretada por egressas do curso de Pedagogia, no sentido da ressignificação da prática docente. A pesquisa busca responder ao seguinte problema: como a formação inicial de professores da Educação Básica ofertada pelo Parfor da UFPI é interpretada por egressas do curso de Pedagogia, no sentido da ressignificação da prática docente?. O estudo tem como tese a ideia de que os modos de interpretação de egressas do Parfor/UFPI sobre a formação inicial pode contribuir para a ressignificação de suas práticas docentes. Parte do pressuposto de que a formação de professores é um processo potencializador da mudança educativa e que a formação inicial constitui momento basilar (ainda que não seja o único) de apropriação e de produção de conhecimentos necessários ao exercício da profissão docente. Fundamenta-se em uma visão crítica de educação de cidadania, que considera o caráter histórico, ético e político das ações humanas e sociais e, por isso, concebe a escola e o currículo como espaços de poder e de controle, podendo tanto estar a serviço da reprodução das desigualdades e das injustiças sociais, quanto da emancipação e da libertação desse mesmo poder e controle contribuindo, assim, para a transformação das relações assimétricas de poder. Tem como referência as proposições de Giroux (1997), Fairclough (2003; 2016), Freire (2015) e Tompson (2011; 2014), entre outros. Argumenta em favor do desenvolvimento de um currículo crítico-emancipatório para os programas de formação de professores estruturado em torno de uma linguagem criticamente afirmativa que revitalize o conceito de cidadania e democracia de professores em formação e legitime a escola como centro de aprendizagem de conteúdos e propósitos democráticos. Compreende, inspirado, principalmente, em Escudero e Trillo (2017) e Flores (2014), que a ação efetiva da formação inicial depende da natureza e da estrutura do curso, das concepções de professor subjacentes aos cursos de formação, quer no currículo explícito, quer no currículo oculto, e, ainda, das crenças e das perspectivas pessoais que os cursistas trazem consigo. Implica entender que as fragilidades de uma proposta curricular podem ser revisitadas na “implementação” do currículo, conforme afirmam Pedroso et al. (2019) e Pimenta et al. (2017). A pesquisa foi desenvolvida a partir de um referencial teórico-metodológico multireferenciado, articulando a Abordagem do Ciclo de Políticas (ACP) de Stephen Ball e colaboradores (BALL, 1994; BOWE; BALL; GOLD, 1992) a Análise do Discurso Crítica (ADC) de vertente faircloughiana (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2001; 2003; 2016), que constitui referencial analítico promissor para a pesquisa educacional, porque permite analisar as relações entre linguagem e políticas educacionais numa perspectiva crítica e interdisciplinar. A abordagem do ciclo de política possibilita o estudo de políticas e programas educacionais sob uma perspectiva crítica por meio da análise dos seus contextos relacionais, O aporte teórico para as discussões sobre formação inicial está alicerçado nos estudos de autores como Canário (2003); Escudero e Trillo (2017); Day (2001; 2004); Dubar (2003); Flores (2014); Formosinho (2009; 2011); Garcia (1999); Giroux (1997); Giroux e McLaren (1997) Goodson (2008, 2013); Nóvoa (1995); Pimenta (2012); Tardif (2014), entre outros, bem como em documentos oficiais que regulamentam a formação de professores em serviço no âmbito do Parfor. As colaboradoras da pesquisa foram dez egressas do curso de Pedagogia do Parfor da UFPI das turmas que foram ofertadas em Teresina. Os dados foram construídos por meio de análise documental e de entrevista reflexiva. Os resultados da pesquisa evidenciam que os sentidos construídos pelas egressas em relação aos efeitos da formação são materializados discursivamente em diferentes nuances e graus de intensidade, mas se entrecruzam em relação ao desenvolvimento da autoconfiança, ao redirecionamento do planejamento e revigoramento das práticas de sala aula, por meio do exercício crítico e autoral. Conclui que as experiências de formação vivenciadas pelas professoras no Parfor possibilitam a ressignificação da prática docente, a partir da unidade teoria e prática, de forma personalizada em práticas singulares.