EDUCAÇÃO, GÊNERO E AFRODESCENDÊNCIA:
A EDUCAÇÃO ESCOLAR E A ORGANIZAÇÃO DE
MULHERES QUILOMBOLAS EM BREJÃO DOS AIPINS, PIAUÍ
Escolaridade. Mulheres afrodescendentes. Quilombolas.
Participação político-comunitária.
O presente estudo trata sobre as temáticas, educação, gênero, comunidade quilombola e afrodescendência no Brasil. De uma maneira mais delimitada, o título da dissertação é Educação, gênero e afrodescendência:
a educação escolar e a organização de mulheres quilombolas em Brejão dos Aipins, PI. A pesquisa partiu do pressuposto de que dada a realidade sócio-histórica de Brejão dos Aipins, marcada pelo isolamento geográfico e pela exclusão social, as experiências de vida escolar de mulheres dessa comunidade tenham sido marcadas por muitos desafios ou impasses que produzissem efeito profundo e duradouro, estando suas conquistas obtidas no campo educacional, associadas mais a esforços pessoais, do que, necessariamente, às mobilizações, como no caso das políticas públicas e/ou dos vínculos integrados à escola. Além disso, é possível pensar que essas conquistas têm fortes implicações na participação política e na organização das mulheres na comunidade. Nesse sentido, o objetivo principal foi analisar as experiências escolares de mulheres da referida comunidade, localizada no município de Redenção dos Gurgueia-Piauí, identificando as relações destas com as suas formas de organização política. Como referencial traz as contribuições, em destaque, de Boakari (2011, 2010, 2005, 1999, 1994), Almeida (2011, 1989), Brandão (2009, 1999, 1981), Maestri e Fiabani (2008), Lahire (2007), Moreira (2006), Halbawchs (2006), Munanga (2006), Gomes (2001), Thompson (1998, 1992), Louro (1997), Nascimento (2002, 1978), dentre outros. A pesquisa, de natureza qualitativo-explicativa, tipo história oral, levantou dados sobre a questão proposta e refletiu, especialmente, sobre a memória e o processo constitutivo da educação escolar das participantes. O estudo mostrou que suas experiências se caracterizam pela superação de aspectos desafiadores, relacionados às dificuldades de escolarização e às questões socioculturais, de raça, de gênero e de localidade. Demonstrando que há uma estreita relação entre a educação escolar e a ampliação dos saberes e dos poderes de mulheres afrodescendentes nessa comunidade, e concluiu que os esforços das participantes, no sentido de alcançarem conquistas educacionais estão associados ao quadro histórico da discriminação racial e da fragilidade persistente das políticas públicas de escolarização para os afrodescendentes no Brasil.