As Vivência na formação inicial mediando a constituição da identidade profissional em estudantes de Psicologia
Formação em Psicologia. Identidade. Psicologia Sócio-Histórica.
A presente pesquisa originou-se das vivências da pesquisadora como psicóloga e professora do curso de Psicologia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Delimitou-se como objetivo geral: Investigar o processo de constituição da identidade profissional do estudante de Psicologia da UESPI, mediante o resgate de suas vivências na Graduação. E como objetivos específicos: Conhecer os motivos que orientaram a escolha profissional; Identificar as principais vivências que estão transformando o estudante em psicólogo; Compreender a relação entre as principais vivências durante a formação inicial e a identidade profissional em processo de constituição e Analisar certezas e incertezas em relação ao futuro profissional. A pesquisa é relevante porque o estudo da identidade do psicólogo suscita reflexões sobre a identidade deste profissional. A pesquisa está fundamentada na Concepção Psicossocial de Identidade (CIAMPA, 2005), na identidade profissional (DUBAR, 2005) e nas categorias teóricas da Psicologia Sócio-Histórica (VIGOTISKI, 1991, LEONTIEV, 1978, dentre outros). Esse recorte teórico levou a compreensão que é a estrutura social que oferece os padrões de identidade, fazendo que existam múltiplas determinações. A abordagem metodológica é de natureza qualitativa e utilizou a entrevista narrativa (FLICK, 2009) como instrumento para a produção dos dados. Para o processo de análise do corpus empírico adotou-se o procedimento metodológico denominado Núcleos de Significação (AGUIAR e OZELLA, 2006). Os resultados permitiram a compreensão do processo de identificação dos estudantes, por meio da construção e articulação de quatro núcleos de significação que expressam alguns dos múltiplos processos que constituem a identidade de psicólogo. O núcleo “O processo de escolha profissional e a insatisfação no inicio do Curso” revelou os motivos da escolha, sendo a maioria classificados como compreensíveis, pois não tem relação com a atividade profissional do psicólogo, e os sentimentos de insatisfação nos primeiros períodos da graduação. Os núcleos “Seara PSI: saberes e fazeres da Psicologia e do psicólogo” e “Formação Inicial e as possibilidades de identificação” expressaram que as vivências no processo de formação inicial, constituem aspecto identitário, sobretudo nos estágios supervisionados que mediaram o processo de identificação à medida que viabilizou o processo de significação sobre o ser psicólogo. O núcleo “Existirmos, a que será que se destina? Ansiedades, formação continuada e olhares sobre si mesmo” apresenta os sentimentos de ansiedade em relação à inserção no mercado de trabalho, e ainda os sentimentos de satisfação por estarem concluindo o Curso de Psicologia. Os núcleos revelam que motivos, formação inicial, estágio supervisionado, dentre outros , são alguns dos aspectos que estão constituindo a identidade de psicólogo. Em síntese, os estudantes se identificaram com o ser psicólogo, entendendo que esse profissional pode atuar em diversas áreas por meio dos saberes e fazeres psicológicos, com o objetivo de ajudar o outro. Assim, a identidade de psicólogo constitui-se sempre no social, mas nunca está pronta; é processo e, assim, constitui um eterno vir a ser.