A escola e educação não-escolar: experiências da mulher lésbica afrodescendente.
Educação. Gênero. Afrodescendência. Lesbianidade.
A questão das diferenças, e das desigualdades e discriminações por elas geradas, é complexa, com nuances e características multidimensionadas. Incorporar esta discussão nas tentativas de compreender os atos discriminatórios e os óbices enfrentados por suas vítimas é necessidade na sociedade atual, em que as diversidades estão sendo problematizadas cada vez mais. Neste sentido, a pesquisa em discussão tratou sobre as experiências educacionais vividas por mulheres lésbicas afrodescendentes. Como apoio, para o presente estudo, foram consultados trabalhos de Moura (1988), Boakari (1994, 1999, 2003, 2007, 2008, 2010, 2011), Cunha Júnior (2005, 2008), Fanon (2008), Castro e Abramavoy (2006), Schumaher (2007), Risério (2007), Gomes (2008), Martins (2013), Junqueira (2013), no que diz respeito à educação e afrodescendência. Os estudos de Butler (2001), Louro (2004, 2010, 2012), Furlani (2011), Brah (2013), Piscitelli (2013) também foram fontes para este, no que concerne a questões de gênero, sexualidade e a intersecção entre estigmas. O estudo tinha como objetivo geral investigar as experiências de vida, na escola e fora dela, de lésbicas afrodescendentes que vivem em Teresina-PI. Os objetivos específicos foram caracterizar vivências da fase escolar, verificar a importância de outros agentes, como movimentos sociais, na promoção da educação fora da sala de aula e apontar de que maneira a escola e a educação realizada fora dela interferiram na construção da(s) identidade(s) das entrevistadas. A pesquisadora utilizou uma abordagem qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas, à luz das contribuições de Moreira e Caleffe (2006). Através desta investigação, foi possível entender facetas diversas e desafiadoras de experiências deste grupo de mulheres lésbicas afrodescendentes, o que possibilitou a problematização das temáticas abordadas. A realização deste trabalho destacou a necessidade de que se desenvolvam mais pesquisas envolvendo gênero, sexualidade e raça e os consequentes entrecruzamentos destas categorias nas áreas das educações escolar e social, uma vez que a complexidade destas relações é, a cada dia, mais evidenciada.
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