Mediação de Conflitos no Espaço Escolar: linguagens de Cultura de Paz na Escola Pública de Tewresina/PI
Mediação de Conflitos. Violências. Cultura de Paz.
RESUMO
O presente trabalho tem como temática a mediação de conflitos na escola pública de Teresina-PI. A investigação aconteceu na Unidade Escolar Maria Melo, escola da rede estadual de ensino de Teresina – PI e contou com a participação de dez docentes e dez discentes do oitavo ano. As questões problematizadoras da pesquisa foram as seguintes: Que histórico de violências há no âmbito da Unidade Escolar Maria Melo? De que forma os atores que compõem a escola interagem com as práticas de Cultura de Paz? Quais as potencialidades, os limites e as possibilidades de realização de um projeto de mediação de conflitos na escola? Nesse sentido, ficou definido como objetivo geral: Analisar as práticas de violência na Unidade Escolar Maria Melo no período em estudo. E como objetivos específicos: identificar os tipos de violências praticados na escola; analisar os impactos da violência nas convivências entre os atores escolares; identificar as possibilidades de criação de um programa de mediação de conflitos para períodos posteriores a esta pesquisa. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, a qual empregou como método a pesquisa-ação. Os procedimentos metodológicos utilizados para coleta de dados obtidos durante este estudo foram: aplicação de questionários entre os respectivos docentes e discentes; análise de documentos – Projeto Político Pedagógico da escola, dados estatísticos dos Mapas da Violência dos anos de 2011, 2012 e 2013, dados estatísticos sobre violência escolar contidos nos registros da Companhia Independente de Policiamento Escolar (CIPA) dos anos de 2011, 2012 –; realização de três oficinas com os referidos discentes e revisão bibliográfica. Desse modo, foi utilizado como base teórica estudos de autores como Abramovay (2006); Adorno (2002); Arnoud e Damascena (1996); Charlot (2002), Cobalti (1985); Debarbieux (1998); Guimarães (2010); Jares (2002); Macêdo e Bomfim (2007), dentre outros. Assim, os resultados da pesquisa apontaram que na escola estão presentes os três níveis de violência, segundo a conceituação de Charlot (2002) – violência na/à/da escola, com destaque para a violência na escola e para a violência à escola, cujos tipos evidenciados foram: agressões verbais, brigas, uso de drogas e atos obscenos; e pichações, depredação escolar e furtos de objetos e equipamentos escolares, respectivamente. Ficou evidenciado também que os alunos são as maiores vítimas, principalmente de agressões verbais e de agressões físicas. No entanto, os professores também figuraram como vítimas de desrespeito. Assim, verificou-se que as convivências tanto entre os alunos como entre estes e os profissionais com os quais se relacionam estão afetadas de maneira negativa. Porém, depois da realização das três oficinas que compunham o curso de formação com os alunos do oitavo ano pude perceber que havia possibilidades de construção de um projeto de mediação de conflitos nesta escola, em decorrência das potencialidades observadas no percurso da pesquisa, pois os participantes demonstraram em vários momentos de suas produções que são capazes de desenvolver e de cultivar valores positivos como a tolerância, o respeito, a solidariedade, a amizade, características essenciais para a boa convivência humana e para a mediação.