Os espaços digitais compreendidos como espaços de comunicação mediados pela conectividade da internet possibilitam novas dinâmicas sociais, especialmente epistemológicas. Dentro desse panorama observou-se que algumas mulheres afrodescendentes contam suas experiências de leitura no Instagram, uma rede social de compartilhamento de imagens e vídeos, de onde emergiu a seguinte questão: Quais práticas, possivelmente educativas, se evidenciam em espaços digitais quando mulheres afrodescendentes compartilham narrativas de leitura? Assim, o objetivo geral desta pesquisa pode ser destacado como: compreender as práticas evidenciadas no Instagram quando um grupo de mulheres afrodescendentes com algum acesso ao mundo digital compartilha/narra suas experiências de leitura sobre livros escritos por mulheres de mesmo pertencimento racial. O caminho metodológico foi caracterizado como “pesquisa em espiral”, um fazer dinâmico, interdependente e questionador das realidades emergentes. Pautado numa abordagem qualitativa (FLICK, 2009) e fundamentada na perspectiva da transmetodologia (MALDONADO, 2015), dois perfis do Instagram foram estudados, a saber: @leia_preta e @lendomulheresnegras. Como leituras de apoio destacaram-se as/os autoras/es: Santaella (2007, 2008, 2013); Santos (2015, 2019, 2022), para tratar de cibercultura e ubiquidade; Freire (1987, 1979, 1989, 2013), Brandão (2007), Boakari e Silva (2021) para discutir a dimensão plural da educação e práticas educativas; Gonzalez (1983), Crenshaw (2002), Grosfoguel (2016), Kilomba (2019), para escrever sobre colonialidade e interseccionalidade. A partir das análises realizadas constatou-se que as criadoras de conteúdo responsáveis pelos perfis, fomentam e desenvolvem práticas educativas do ser gente, uma vez que engendram informações, conhecimentos, ideias e pensamentos relevantes de maneira intencional, questionadora, reflexiva e dialógica. Práticas educativas como fazeres políticos.