CONSTITUIÇÕES DE FEMINILIDADES DE PROFESSORAS
AFRODESCENDENTES “ENTRE CONTEXTOS” DE SÃO JOÃO DO PIAUÍ
Feminilidade; Afrodescendencia; Identidade; Trajetória de professoras.
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RESUMO
A identidade racial e a construção da feminilidade, em determinadas culturas e contextos sociais, podem ser visibilizadas ou invisibilizadas. De que forma? Como ocorre o processo de constituição da dimensão feminina na identidade de mulheres afrodescendentes? Quais elementos compõem as dimensões da feminilidade e da afrodescendencia parte da identidade de mulheres professoras? Existem articulações entre as dimensões da identidade feminina afrodescendente e a chegada à carreira docente? Como ocorrem estas articulações? Com o intuito de responder estas questões, a pesquisa realizada analisou trajetórias educativas de dez professoras afrodescendentes que atuam no município de São João do Piauí. As contribuições de Ferreira (2010), Hall (2006), Castels (2008) que norteiam a compreensão dos processos de constituição da identidade entrelaçada a atributos culturais; Kehl (2010), Beauvoir (1975), Louro (2008), Bomfim (2010), fundamentam a “construção social da feminilidade” e suas implicações entre as relações de gênero e o mercado de trabalho; Crénshaw (2013), Carneiro (2014),Boakari (2003; 2010) e Motta (2008) alicerçam as análises sobre a interseccionalidade entre raça, classe e gênero da história de mulheres afrodescendentes e a importância de investigações sobre suas trajetórias. Trata-se de pesquisa com base nos procedimentos do método (auto)biográfico (CHIZZOTTI, 2006; SCHÜTZE, 1977; BERTAUX, 2010). As análises apontam que a constituição das feminilidades da maioria das interlocutoras, embora atravessadas por valores patriarcais, vem sendo influenciadas por valores de mulheres com perfil aguerrido no âmbito da família, da profissão docente e de organizações sociais. Os processos de constituição da identidade afrodescendente das interlocutoras tiveram forte influência de valores do contexto social de São João do Piauí, contribuindo para que o processo de cada uma seja singular e plural ao mesmo tempo. Assim, os saberes oriundos de diferentes espaços e da astúcia de cada professora abordada, foram mobilizados para constituição da sua identidade feminina afrodescendente.