Ensinar filosofia não é tarefa das mais fáceis. Ao professor de filosofia cabe não apenas selecionar os conteúdos a serem trabalhados, mas também pensar numa metodologia que seja eficaz, que corrobore com o processo de ensino-aprendizagem e favoreça o entendimento, a significação e a autonomia no pensar por parte dos estudantes. Considerando que os métodos atuais nem sempre conseguem alcançar o interesse desses estudantes, este projeto se propõe a trabalhar os temas e conceitos filosóficos com o auxílio de recursos imagéticos e textuais, capazes de contribuir com a sua compreensão de maneira mais empática e significativa. A problemática que norteou esse projeto partiu de três questões, especialmente: Qual é o tipo de ensino e aprendizagem em Filosofia possível e desejável? Como o professor de filosofia pode mediar o entendimento e significação dos conceitos filosóficos? Qual é o lugar da imaginação no processo de aprendizagem? A fim de responder a essas questões, pensou-se em alguns objetivos a serem alcançados com essa pesquisa e, dentre eles, destaca-se: auxiliar o entendimento e a significação dos conceitos filosóficos a partir de um referencial teórico-conceitual filosófico, do uso de imagens e textos afins; contribuir com a arte reflexiva de relacionar, discernir, criar e repensar conceitos filosóficos, explorando os diferentes recursos visuais. Além dessas, outra pretensão é sugerir algumas intervenções viáveis aos professores dessa disciplina, de modo que sua prática consiga envolver mais seus aprendizes, que lhes desperte e contagie a aprender a pensar criticamente o tempo presente, apostando em práticas que consigam apresentar os temas e conceitos da sua disciplina dentro de um ambiente motivador e favorável à aprendizagem. A fim de atender aos objetivos propostos, optou-se pela metodologia de trabalhar com análise e interpretação de textos literários e filosóficos; impulsionar a interseção entre os materiais didáticos da filosofia com alguns recursos imagéticos (quadrinhos, charges, memes, fotografias, documentários, filmes, textos científicos, jornalísticos, midiáticos e artísticos), dispondo de maneira complementar e estruturados a partir de eixos bem definidos no Plano de Curso e nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Como a metodologia ainda está em curso, não há como avaliar neste momento seus resultados. Pelo exposto, conclui-se que a escolha da estrutura literária,cinematográfica, imagética e textual como aportes deu-se em virtude de trabalharem com as estruturas da sensibilidade e da empatia, que são instrumentos capazes de envolver os estudantes de maneira mais significativa e, consequentemente, contribui com a discussão e o entendimento de questões e conceitos filosóficos, sociais e políticos que sugerem, dentre outros fatores, um apelo à moralidade, ao fim das diferenças sociais, à condição degradante vivida pelas minorias, pois através dessas e outras leituras de mundo é possível direcionar as discussões em sala de aula de maneira mais proveitosa, porque são situações que acometem as várias camadas sociais e que fazem parte do contexto sócio, político e econômico vigente. Para dar suporte a essa metodologia, foi preciso recorrer a fontes incólumes, como é o caso de Northrop Frye, através de sua obra A Imaginação educada; Hans Ulrich Gumbrecht, com sua obra Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir; Martha Caraven Nussbaum, a partir de suas obras Poetic Justice: the literary imagination and public life, Love’s knowledge: essays on philosophy and literature; Fredrich Schiller (A educação estética do homem: numa série de cartas); Susan Sontag (Against interpretation and other essays); Tzvetan Todorov (A Literatura em perigo), além de alguns teóricos da educação, pois afinal o trabalho é desenvolvido no ambiente escolar e precisa ser respaldado por estudiosos da educação, por exemplo, Evandro Ghedin, Jayme Paviani, Sílvio A. Sánchez Gamboa, Pedro Angelo Pagni e outros.