A dissertação visa discutir e evidenciar sobre a importância do diálogo entre literatura e filosofia. Com a perspectiva adorniana buscou-se entender quais os mecanismos reprodutores da barbárie no ambiente escolar e qual postura o professor deve tomar diante de tais manifestações. A proposta educacional emancipadora se encontra no livro Educação e emancipação (2006), onde Theodor Adorno elucida que é necessário promover o debate crítico e autorreflexivo sobre os mecanismos que fazem as pessoas agirem de modo agressivo. A instrumentalização da vida, o modelo de formação ideal-heteronômico, a dominação tecnológica, a ausência de consciência crítica, o caráter manipulador, tendo como suporte a educação tradicional: severa e moralizante, constituem mecanismos subjetivos propagadores da barbárie; compreendê-los é a exigência e a meta da educação. Mas, a civilização produz aquilo que combate, isto é, a selvageria. Não estaria a escola nutrindo a barbárie ao encarar como corriqueiras atitudes como: bullying, homofobia, automutilação, assédio sexual e moral, suicídio e autoritarismo docente? Por que a escola onde deveria ser espaço de transformação social se tonou um ambiente caótico reprodutor da barbárie? Então, como romper com esses cenários de violência sem fazer uso de princípios normativos e moralizadores? A efetivação da proposta emancipadora adorniana encontra sua aplicabilidade na crítica e literatura transgressoras de Georges Bataille nos escritos A literatura e o mal (2015) e O erotismo (2017a). As leituras dos textos de Nietzsche, o francês, desenvolve uma hipermoral que desloca a vontade de potência à vontade de chance, onde postula que o ser se encontra entre lances de um jogo. Com os textos freudianos desmitifica a noção de mal como algo ontológico ou como uma luta destrutiva maniqueísta para concebê-lo como impulso criador. A educação emancipadora de Adorno abre caminho à crítica-literária de Bataille, através de ações que possibilitam a transformação do ambiente escolar em um espaço de oposição e luta contra a agressividade e a semiformação. Criou-se uma nova proposta formativa: educação emancipadora-transgressora. Através do método paratático adorniano e da proposta transgressora batailliana apresenta-se a “metodologia sem método”, o parataxismo, tendo na Dialética negativa (2009) de Adorno seu cerne em diálogo com os escritos do sol e visões do excesso de Bataille, cuja metodologia baseia-se na dialética do reconhecimento. A intenção da pesquisa não consiste em excluir autoritariamente a falha ou a agressividade e aprisionar os envolvidos nas malhas do bem ou ainda concebê-los como uma entidade autônoma, mas desenvolver cooperativamente múltiplas possibilidades de emancipação. Encontra-se em Bataille a chance à transgressão, à subversão, ao erro, à emoção como oportunidade filosófico-literária de reacender o espírito dos envolvidos. As atividades emancipadoras como produção de documentários, autobiografias, performances foram desenvolvidas pelos estudantes do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Nossa Senhora Aparecida no município de Formosa do Rio Preto-BA. Viviane Mosé (2015), Gonçalo Armijos Palácios (2000), Antônio Edmilson Paschoal (2008), Bruno Pucci (2012), Michel Thiollent (1986), Antônio Álvaro Soares Zuin (2007) contribuíram na elaboração e vivência metodológica dos instantes criativos.