Esta pesquisa busca analisar as contribuições da ação comunicativa habermasiana no ‘chão da
escola’, entendido por nós como espaço democrático privilegiado para livre discussão e
possíveis consensos legitimados. Trabalhamos especificamente apresentando alguns
contributos dessa teoria na análise do projeto político pedagógico da unidade de ensino na
qual intervimos, articulando as incongruências no cenário pesquisado a um breve diagnóstico
da crise da racionalidade e da educação na modernidade, tomando como referenciais dois
conceitos centrais da tese de Habermas: do mundo da vida e do sistema. No lócus educativo é
perceptível a predominância da razão instrumental. No nosso entender, Habermas, no intuito
de revisar e superar as dicotomias do pensamento moderno, apresenta outra possibilidade de
compreensão da racionalidade: a racionalidade comunicativa, oriunda dos processos de
comunicação que se estabelecem entre os diversos agentes sociais. De acordo com essa teoria,
é mediante o agir comunicativo que os diversos agentes podem estabelecer entendimentos
acerca do mundo objetivo, subjetivo e social e, ao mesmo tempo, alcançar consensos acerca
do que desejam para si mesmos, para a sociedade e, também, para o campo educacional. A
ação comunicativa pode contribuir com a educação ao questionar sobre os processos mediante
os quais se dá a formação humana e, a partir disso, propiciar momentos de diálogo e de
discussão acerca das justificações e dos fundamentos com base nos quais a práxis pedagógica
escolar é articulada, embora isso seja um desafio no contexto de “colonização sistêmica” em
que vivemos. Contudo, defendemos que a aproximação entre a teoria habermasiana e o
complexo âmbito da educação é importante e necessária, como suporte para uma gestão
escolar democrática na qual a interlocução entre todos os atores envolvidos no processo torne
possível a melhoria nos conflitos que assolam esse meio, sobretudo na formação de pessoas
comunicativamente competentes.