Apesar de ser espaço público e plural, as Escolas de Referência em Ensino Médio de Pernambuco (EREM) tem sido mecanismo de colonização política e conformação ideológica. Serve ao discurso hegemônico que, no caso atual, enxerga nela um ambiente favorável a formação de capital humano. Essa pesquisa tem entendido a filosofia (visão de mundo) institucionalizada na educação básica de Pernambuco, Programa de Educação Integral (PEI), como ideologia contemporânea da competência, orientada pelo espírito capitalista neoliberal. Seu objetivo é desnaturalizar essa realidade do sistema de ensino pernambucano, retirando-a da condição de necessidade dos novos tempos e colocando-a na condição de discurso que conseguiu se tornar dominante. Buscando as condições sociais e históricas do discurso como intervenção filosófica e o materialismo histórico e dialético de Gramsci e a teoria do discurso de Laclau e Mouffe como instrumental teórico metodológico dessa intervenção, confrontaremos os conceitos e marcas identitárias do PEI e da TEAR. Destacamos ainda que intervenção filosófica nessa pesquisa é tensionamento discursivo, ou seja, análise materialista, histórico e dialética do discurso, e não simplesmente aplicação de metodologia de ensino de conteúdo filosófico. Esses dois elementos estruturantes das Escolas de Referência em Ensino Médio, trabalhando na formatação do sistema de ensino nos moldes da logística empresarial – planejamento sistemático e hierarquizado (SEC/GRE/EREM), no controle de qualidade (SAEPE/SAEB), no incentivo financeiro (BDE) – fortalece o ideário de formação controlada do ser humano. Esses elementos constitutivos, sob aporte neoliberal, acabam atendendo os interesses do discurso hegemônico e fortalecendo, no sistema de ensino básico pernambucano, a presença de uma visão empresarial da vida, um modo de ser produtivo, eficiente e competitivo que, além de tentar ressignificar o modo operacional da escola e do sistema de ensino, busca conformar seu público a um novo tipo humano adequado as demandas do mercado. Tendo como metodologia uma revisão bibliográfica e como objeto a filosofia do PEI e do TEAR, concluímos que as EREM’s trabalham em sintonia com as demandas do neoliberalismo quando tentam transformar os jovens em capital humano.