Este estudo intitulado “O ensino de filosofia, a sociedade de controle e a criação em Deleuze” questiona o atual projeto educacional brasileiro, ao que ele confere à filosofia no que diz respeito ao seu papel na formação do estudante. O problema é o papel a que se presta a filosofia, quando se descaracteriza de forma a contribuir com a ordem estabelecida. Tem-se aí uma proposta que a desrespeita, motivo pelo qual se busca explorar uma rota diferente daquela empreendida nas sociedades de controle. Quando se tem a Educação como máquina de captura e uma filosofia leniente a seu favor, se tem uma arquitetura da construção social de sujeitos conformadores. Por isso, espera-se ao final desta pesquisa agregar elementos capazes de provocaros indivíduos a questionarem-se: Que tipo de subjetividade me tornei? Para que me tornei como tal? É possível me tornar diferente do que sou? O objetivo geral procura cartografar o ensino de filosofia justaposto no atual modelo educacional brasileiro, dado na esteira da sociedade de controle, para mapear linhas de fuga que escapem à captura estatal. Para não dá aceitação à ‘filosofia conformadora’ legitimada nos documentos oficiais, busca-se intercessão em Deleuze porque denuncia a estratificação capitalista e suscita acontecimentos de natureza prática e singular, capazes de resistir à ordem, assim, o processo metodológico parte da problematização do ensino de filosofia dado ao longo da história da educação brasileira, localizando-o via mapeamento das linhas e fluxos que se deram a partir das relações implicadas no domínio político e econômico, permitindo entender as bases que foram se consolidando no processo de construção dos modelos educacionais, aglutinando nesse processo os caminhos e descaminhos da filosofia implicada nesses modelos. Denuncia o propósito dado para o ensino de filosofia legitimado nos documentos oficiais, a partir dos conceitos processos de subjetivação e sociedades de controle. Descreve a concepção de filosofia para Deleuze, destacando os elementos que se assumem como facilitadores da potência afirmativa do pensamento para empreender a subjetivação da singularidade do pensamento criador. Segue-se em busca de estabelecer conexões entre a filosofia da criação em Deleuze e a prática em sala de aula por meio de intervenção pedagógica para a experimentação da atividade filosófica rumo ao pensamento criador, como forma de enfrentar a realidade. Os achados mostram a filosofia condicionada ao projeto educacional, pensado a partir de uma matriz filosófica dominante do pensamento. O atual modelo endossa a filosofia à subjetivação da competência da fala rumo à formação cidadã conformadora da ordem fixada e ao projeto de vida profissional do estudante. Em oposição ao trágico tem-se os elementos nômades do pensamento deleuziano como prática filosófica criadora para explorar um território diferente da condição imposta pela sociedade de controle. A especificidade da filosofia é criar conceitos. A noção de aprendizagem é involuntária e incerta, pois é da ordem do acontecimento, que se dá na relação entre o sujeito e o devir, produtor de singularidade afirmativa do pensamento. Tem-se aí uma possibilidade para escapar ao controle.