O presente trabalho dissertativo aborda a importância dos Paradigmas da Filosofia Africana para uma educação antirracista brasileira na contemporaneidade, trazendo como base argumentativa elementos teóricos dispostos: (a) no aporte de filósofos africanos — Castiano, Oruka, Cheik Anta Diop, Aimé Cesaire, Ramose e Towa, dentre outros autores afrodiaspóricos — que forneceram subsídios para o processo de descolonização do pensamento tradicional eurocêntrico; (b) na contribuição de filósofos brasileiros — Adilbênia F. Machado, Gilberto F. da Silva, João Alberto S. Munsberg, Luís Thiago F. Dantas e Renato Noguera — , além do peruano Aníbal Quijano e do estadunidense Molefi K. Asante, que se debruçaram na reflexão da afrocentricidade como paradigma imprescindível para o desenvolvimento de um currículo pluriétnico e de práxis pedagógicas de enfrentamento ao racismo, especialmente o antinegro; (c) na apresentação de intervenções realizadas em sala de aula e de seus resultados como possibilidade de transgressão curricular para superação dos entraves oriundos da influência cultural eurocêtrica, racista e excludente. A pesquisa se apresenta com a característica de uma investigação qualitativa teórica e quantitativa, preocupada em retratar a complexidade do problema do racismo antinegro com o objetivo de proporcionar práxis pedagógicas pautadas na intersubjetivação e na afroperspectiva filosófica para uma educação antirracista, problematizando qualquer ideia preconcebida que favoreça intolerâncias, exclusões e atitudes racistas no ambiente escolar e na sociedade contemporânea. Nesse sentido, parte-se da contribuição de uma filosofia desde a África para uma descolonização epistêmica da atividade filosófica, indicando caminhos importantes frente aos desafios da Filosofia Africana: (a) o desenvolvimento de uma crítica às epistemologias e aos currículos eurocêntricos; (b) a descolonização curricular e metodológica como forma de descentralização filosófica e epistêmica; (c) a criação e aplicação de práxis pedagógicas que visem a interculturalidade nos referenciais da Filosofia Africana; (d) a introdução da intersubjetivação e do afroperspectivismo como práxis pedagógica curricular capaz de promover uma educação antirracista; (e) formação inicial e continuada dos docentes associada ao incentivo dos mesmos para que assumam um perfil afroperspectivista. Os paradigmas da intersubjetivação e do afroperspectivismo no currículo brasileiro são indicados como caminhos para a construção de uma educação baseada na cultura da paz, do respeito às diferenças e da mediação de conflitos.