Este estudo questiona o atual projeto educacional brasileiro, ao que ele confere à filosofia. O problema é o papel a que ela se presta, quando se descaracteriza para contribuir com a ordem estabelecida. Quando se tem uma educação como máquina de captura e uma filosofia leniente a seu favor, se tem uma arquitetura da construção social de sujeitos conformadores, motivo pelo qual se buscou explorar uma rota diferente daquela empreendida nos documentos oficiais. Neste sentido, para responder à questão, “é possível, a partir de Deleuze, pensar uma filosofia em sala de aula que explore os limites da máquina social escolar e incite os alunos a se afirmarem na diferença, como uma atividade de enfrentamento ao domínio?” escalou-se como objetivo geral, cartografar o ensino de filosofia justaposto no atual modelo educacional brasileiro, dado na esteira da sociedade de controle, para mapear linhas de fuga que escapem ao controle escolar e se ponham em fluxo de modo a afirmar a diferença. Para não dá aceitação à filosofia conformadora, buscou-se intercessão em Deleuze porque denuncia a estratificação capitalista e suscita acontecimentos capazes de resistir à ordem. O percurso traçado se deteve na exploração de três aspectos, primeiro na localização do modelo econômico e sua implicação na produção genética da escola neoliberal e a tarefa confiada à filosofia nesse agenciamento; segundo, na denúncia do atual projeto educacional brasileiro no que confere à filosofia, a partir dos conceitos sociedade de controle e processos de subjetivação; terceiro, faz a crítica do modelo pela proposição da filosofia da diferença em sala de aula, como linha capaz de incitar focos de resistência à maquinaria agenciada no campo social e criar possibilidades de vidas menos presas à ordem. Da denúncia à crítica, argumentou-se a partir do caráter da verdade como produção. Tudo é construção política. O neoliberalismo foi produzido e racionalizado modelo universal. Na sociedade de controle, os sujeitos são constituídos por processos de subjetivação a partir da legítima causa neoliberal, têm seus desejos esmagados para adequar-se à forma desejante capitalista, logo, a escola passa a reproduzir o neoliberalismo e a filosofia é descaracterizada para adequar-se ao modelo. Se tudo é política, é preciso suscitar uma política de resistência ao modelo para a filosofia. Face à questão problema, a mobilização da crítica se referenciou no diferencialismo deleuziano, pela experimentação do filosofar em sala de aula, a partir da imagem do pensamento que desloca o desejo para o campo produtivo. Nessa esfera, a aprendizagem é involuntária, o aluno entra em contato com a experiência real, em alguma medida pode afetar, ser afetado, e forçado a pensar diferente. A intervenção foi realizada objetivando explodir com as amarras da escola e explorar uma linha de fuga para o filosofar a partir do problema da totalidade do neoliberalismo. A valoração desse modelo foi inquietada por éticas tanto prisioneiras do devir e do esmagamento do desejo, quanto afirmativas do devir e do desejo intensivo, onde os alunos foram provocados a fazer a crítica da ética menos presa à dominação e mais consciente da lógica de mercado.