Ferramentas da Qualidade (20/01/2021 - 22/01/2021)
Ferramentas e Metodologias da Qualidade Os programas de qualidade .têm dois componentes: os conceitos e princípios fundamentais que geram uma ctlltura organizacional propícia ao desenvolvimento da melhoria contínua e da qualidade to~al; e as inúmeras metodologias e ferramentas da qualidade, que podem vir a ser aplicadas na implementação das ações nas diferentes fases do ciclo de produção, conforme ilustra a Figura 22. As metodologias e ferramentas podem ser genericamente classificadas como organizacionais ou estatísticas. Nas próximas seções, algumas dessas ferramentas e metodologias são brevemente consideradas.
Ferramentas Estatísticas
6.1.1. Folha de Verificação Técnica utilizada quando se deseja obter dados, baseados em observações amostrais, para definição de um modelo. É o ponto de partida na maioria dos ciclos de solução de problemas, sendo uma ferramenta de fácil compreensão que mostra a freqüência com que certos eventos ocorrem. As folhas de verificação tem como objetivos: a) Verificação do processo de produção; b) Verificação de itens defeituosos; c) Verificação da localização dos defeitos; d) Verificação das causas dos defeitos. Sua construção envolve 4 etapas: 1. Estabelecimento do evento que será estudado; 2. Definição do período durante o qual os dados serão coletados; 3. Coleta dos dados de forma consistente; 4. Construção de um formulário claro e de fácil manuseio. As observações devem ser as mais aleatórias possíveis, o universo observado deve ser homogêneo e o processo de amostragem eficiente.
6.1.2. Diagrama de Pareto Usado quando se deseja ressaltar a importância relativa entre vários problemas, facilitando a escolha do ponto de partida para a solução, avaliar o progresso ou identificar a causa básica de um problema. Ele auxilia no direcionamento da atenção e esforços para os problemas mais importantes, dividindo u:r_n problema grande num grande número de problemas menores e de fácil resolução, permitindo a priorização dos projetos e o estabelecimento de metas concretas e tangíveis. É uma técnica universal que permite separar os problemas em duas classes: os_ poucos vitais e os muito triviais. As etapas de construção do Diagrama de Pareto são : 1. Identificação do problema. Um problema é qualquer resultado indesejável: um grande número de reclamações dos clientes, custo elevado que impossibilita a prática de preços competitivos; atrasos de entrega de produtos/serviços, insatisfação dos funcionários, número elevado de acidentes de trabalho, etc. 2. Estratificação. Divisão do problema em estratos de problemas de origens diversas. É uma análise do processo que busca a origem do problema com a participação de todas as pessoas que possam colaborar. 3. Coleta de dados. Para cada estrato são levantados dados referentes à sua freqüência que auxiliarão na verificação da importância de cada um. 4. Priorização com ajuda do diagrama de Pareto. O diagrama de Pareto é a representação gráfica da estratificação dos dados coletados. Este gráfico permite priorizar quantitativamente os itens mais importantes. 5. Desdobramento. Os estratos que apresentam maior freqüência são desdobrados em problemas menores (Figura 25), quantificados e analisados para encontrar soluções. 6. Estabelecimento de metas. Com base no diagrama de Pareto, analisam-se os problemas prioritários e suas freqüências e estabelecem-se metas de melhoramento Exemplo: Análise do tipo de acidente (Figura 24). Estratos • acidentes envolvendo os olhos • acidentes com ferimento nas costas • acidentes nas mãos
6.1.3. Diagrama de Causa e Efeito Conhecido também como diagrama espinha de peixe ou diagrama Ishikawa (devido ao seu criador), ele é usado quando se deseja identificar, explorar e ressaltar as causas possíveis de um problema, representando a relação entre o efeito (resultado) e suas possíveis causas.
As causas principais podem ser divididas em 6 categorias principais, conforme segue: a) Método: expõe itens relacionados aos procedimentos operacionais como clareza e simplicidade dos procedimentos, facilidade de execução, ausência de passos es.senciais ao desempenho da função, etc. . . b) Mão de obra: trata os aspecto físicos e mentais dos trabalhadores envolvidos no problema, a pontualidade, o absenteísmo, cumprimento das regras e o comportamento em geral. c) Máquina: refere-se aos equipamentos quanto a sua deterioração, manutenção, identificação, armazenagem, etc. d) Meio ambiente: aspectos relativos ao ambiente de trabalho como iluminação, resíduos, temperatura, vibração, pó, nas oficinas, escritórios, corredores, passagens e áreas ligadas ao problema em estudo. e) Material: aborda itens como situação dos fornecedores, fornecimento interno, condições de armazenagem, etc. f) Medida: detalha itens relacionados à medição como condições do instrumento de medida, condições de medição, freqüência, inspeção, etc. Depois de levantar as pnnc1pms causas, deve-se selecionar as mms prováveis e analisá-las. As etapas da construção do diagrama são: 1. Definição do problema a ser analisado, onde ocorre, quando ocorre, sua extensão. 2. Levantamento das causas do problema e outras que auxiliem sua organização, após a observação. 3. Construção do diagrama de causa e efeito. O problema é colocado à direita de uma linha horizontal; as causas são colocadas nas pontas de ramos que partem da linha horizontal, conforme a Figura 26. Para cada causa questiona-se o porquê de sua ocorrência e anotam-se as respostas em ramos menores que nascem dos ramos principais. 4. Interpretação. Observação da repetição das causas, obtenção do consenso do grupo e coleta de dados para determinar a freqüência relativa das causas. A análise do diagrama destaca a causa mais importante do problema.
6.1.4. Diagrama de Dispersão Usado para visualizar a relação de dependência entre um parâmetro de qualidade e uma variável do processo, analisando uma possível relação entre elas, bem como sua intensidade. 73 FERRAMENTAS DA QUALIDADE O diagrama de dispersão é construído através dos seguintes passos (BRASSARD, 1985): 1. Coletar de 50 a 100 pares de amostras. 2. Plotar os valores em um gráfico x,y em ordem crescente para cima e para a direita, colocando no eixo horizontal a variável que "possivelmente" é a causa·. 3. Marcar os dados no diagrama. Quando houver valores repetidos circulá-los tantas vezes quanto necessário. A direção e espessura da nuvem de pontos indicam a intensidade da relação entre as variáveis. Quanto mais o agrupamento tender a uma reta, maior a relação entre elas. A Figura 28 apresenta um exemplo de aplicação do diagrama de dispersão para relacionar o número de erros decorrentes de falha humana com o número de horas extras.
6.1.5. Cartas de Controle Cartas de Controle fornecem informações sobre um dado processo, com base em . amostras periodicamente coletadas dele. As amostras são reunidas em grupos com o mínimo de variação, os grupos são selecionados e o valor médio de cada um é plotado no gráfico. A flutuação dos pontos dentro dos limites de controle e distribuída de forma aleatória é resultado da variação intrínseca do processo, devido à causas comuns, inerentes ao sistema. Pontos localizados fora dos limites ou, ainda que dentro dos limites, com uma distribuição não aleatória (cíclica, crescente ·etc.) podem refletir causas especiais, que devem ser eliminadas. Para distinguir as causas especiais das comuns e prever se o processo está sob controle ou não, é preciso avaliar se há mudança de parâmetros como a média e o desvio padrão. Se não houver mudança nesses parâmetros ao longo do tempo, o processo estará sob controle estatístico e só as causas comuns estarão presentes. Mas, se houver mudança nos parâmetros, diz-se que uma causa especial agiu sobre o processo. Essas cartas somente monitoram o processo, mantendo-o sob controle estatístico, ou seja, mostrando que o processo é consistente, mas não garantem que ele é capaz de atender às especificações.