A ordem Chiroptera constitui o segundo maior grupo dentre os mamíferos, a maior diversidade desses animais ocorre na região Neotropical e o Brasil possui uma das mais amplas quiropterofaunas. São oficialmente registradas 186 espécies, distribuídas em nove famílias e 68 gêneros, e essa pluralidade também se reflete nas associações entre morcegos e parasitos, onde muitas espécies de helmintos apresentam registros no Brasil, dentre os quais nematoides, platelmintos e acantocéfalos. Essa pesquisa teve como objetivo conhecer a quiropterofauna, bem como sua diversidade parasitária em alguns
municípios do estado do Piauí e Maranhão. As coletas foram realizadas de agosto de 2023 a agosto de 2024, nos municípios de Altos, Milton Brandão, Palmeirais, Pedro II, União e Teresina no estado do Piauí e na zona rural de Timon, no estado do Maranhão. Os morcegos foram capturados usando redes de neblina, colocadas durante o horário crepuscular e noturno de 18 a 00 horas. Foram capturados um total de 102 morcegos, pertencentes a quatro famílias (Phyllostomidae, Molossidae, Emballonuridae e Mormoopidae) e 18 espécies. Destes, 19,6% (20/102) encontravam-se positivos para helmintos. O hospedeiro com maiores taxas de infecção e diversidade parasitária foi a espécie Carollia perspicillata, que apesar de serem frugívoros, podem consumir ocasionalmente insetos na complementação de sua dieta. O parasitismo nas fêmeas foi maior do que nos machos - 70% (14/20) e 100% dos hospedeiros parasitados eram adultos. Foram coletados um total de 50 espécimes de parasitos: Nematoides - 6
Histiostrongylus coronatus (Molineidae) e 4 Tricholeiperia sp. (Molineidae). Trematódeos - 11 Urotrema sp. (Urotrematidae); 17 Prosthodendrium conturbatum (Lecithodendriidae) e 12 Anenterotrema liliputianum (Anenterotrematidae). O parasito mais prevalente foi P. conturbatum, com 17 espécimes nos hospedeiros capturados em Timon-MA. A infecção por mais de uma espécie de parasito foi verificada em oito hospedeiros. Este estudo contribui para a ampliação e distribuição geográfica desses
endoparasitos em morcegos no Nordeste brasileiro.