A mais recente fronteira agrícola do Cerrado do Nordeste brasileiro contribui para suprir a crescente
demanda mundial por grãos de soja. Contudo, a redução dos impactos negativos sobre o ecossistema após a conversão da vegetação nativa em produção agrícola, continua sendo o principal desafio para promover o desenvolvimento sustentável. Por isto, este estudo aborda técnicas conservacionistas para o cultivo da soja ao considerar as particularidades do bioma Cerrado do Nordeste brasileiro. O objetivo posposto consistiu em: i) identificar potenciais culturas de cobertura e avaliar os seus efeitos na fertilidade do solo, nutrição e produtividade da soja em sucessão; ii) estabelecer a época adequada do termino do capim-sudão, como cultura de cobertura, que concilie melhorias da qualidade biológica do solo e aumento da produtividade da soja; iii) determinar a recomendação da correção do solo no sistema de produção soja/plantas de cobertura. Os resíduos de culturas de cobertura promoveram melhorias da qualidade biológica do solo, com manutenção da biomassa microbiana do solo ativa. A ciclagem de nutrientes promovida pelas culturas de cobertura contribuiu com melhorias da qualidade química do solo e nos teores de nutrientes da soja. O milheto, Megathyrsus maximum ‘Tanzania’, M. maximum ‘Massai’, feijão-caupi e Crotalaria juncea aumentram a produtividade da soja em sucessão. O capim-sudão produziu elevada quantidade de biomassa (7,9 t ha -1 ) na entressafra. Mas a elevada produção da biomassa não afetou a produtividade de grãos de soja em sucessão, sendo possível manter a cobertura viva por até sete dias antes da semeadura da soja. Porém, a dessecação/corte antecipado promoveu aumento no teor foliar de Cu, P e K na soja, com aumento da eficiência da incorporação de carbono na biomassa microbiana. Doses elevadas de calcário (>3 t ha -1 ) aumentaram a quantidade de calcário reagido e apresentaram menor taxa de reação, por isto, melhoraram a qualidade química do solo e prolongaram o efeito residual. Doses elevadas de calcário diminuíram o teor de Fe, Mn e Zn foliar, mas não afetaram negativamente o teor de P, embora aumentaram a fração P–Ca. O gesso afetou o teor de K na soja, mas aumentou a produtividade do milheto. A produtividade da soja não respondeu ao aporte de gesso. A aplicação de 6 t ha -1 de calcário é recomendada para melhorar a produtividade da soja. Desta forma, a incorporação de técnicas conservacionistas, como a seleção e o manejo de culturas de cobertura, além da correção adequada do solo são estratégias eficazes para atingir a produção sustentável de soja em área de fronteira agrícola.