A hipótese da aparência ecológica foi proposta inicialmente para entender a escolha dos herbívoros frente a diversidade vegetal. A partir dessa premissa, houve a adaptação da Hipótese da Aparência Ecológica (HAE) aos seres humanos em substituição aos herbívoros, a qual supõe que as plantas mais aparentes (abundantes) são mais utilizadas pelas pessoas em relação as plantas menos aparentes (menor abundância). Este trabalho teve como objetivo verificar se a HAE explica a seleção e uso das espécies lenhosas úteis localmente e quais outros critérios de escolha podem ou não estar associados. A pesquisa ocorreu na Comunidade Ausente, na cidade de Barão de Grajaú – MA. Foi realizado um inventário fitossociológico adotando o método de parcelas, abrangendo uma área de 0,75ha. Posteriormente houve a realização de lista livre e entrevistas semiestruturas com os moradores da comunidade para verificar as espécies úteis e os usos associados. Através do inventário foram levantados 930 indivíduos arbóreos, 14 espécies, com predominância da família Fabaceae. A lista livre e entrevistas ocorreram com 107 moradores da comunidade e revelaram 152 etnoespécies com 140 indicações de uso. A partir desses dados foi realizado o Teste T e ANOVA a fim de verificar distinção de conhecimento entre as variáveis: escolaridade, renda, idade e gênero, no qual somente as duas últimas mostraram correlação com o número de indicações referente aos recursos vegetais. Em conclusão foi realizado o coeficiente de correlação de Spearman para correlacionar os parâmetros fitossociológicos com o valor de uso das espécies, e uma regressão linear para averiguar a aplicação da HAE nas categorias de uso. Os resultados das análises demostraram que a Hipótese da Aparência Ecológica explica a escolha dos recursos vegetais na comunidade estudada para algumas categorias utilitárias, apresentando resultados significativos para: forragem, uso veterinário e ornamentação. Porém a análise de valor de uso geral para todas as espécies não apresentou relação com os parâmetros fitossociológicos. Portanto, conclui-se que a hipótese da aparência ecológica parece responder melhor a seleção de recursos lenhosos pelas pessoas dentro das categorias de uso, sendo também influenciada por aspectos culturais e socioeconômicos que cada comunidade possui.