Esta dissertação reconstrói a trajetória do estágio supervisionado no Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Piauí (UFPI), no período de 1976 a 2012, buscando compreender suas transformações históricas, curriculares e institucionais, bem como os significados atribuídos à supervisão ao longo desse percurso. A investigação fundamenta-se no método materialista histórico-dialético, cuja perspectiva permite apreender o estágio e a formação profissional como construções históricas inscritas nas contradições sociais, políticas e ideológicas do seu tempo. Tal método orienta a análise das mudanças estruturais do curso, das determinações postas pelo trabalho profissional no Piauí e das condições objetivas que configuraram o processo formativo. Destaca-se que a pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, articulando procedimentos de natureza documental e de campo. A análise documental envolveu a análise dos planos de curso, currículos, atas, resoluções institucionais, relatórios e demais materiais produzidos pela universidade ao longo do período de 1976 a 2012. A etapa de campo contemplou entrevistas semiestruturadas com docentes que atuaram na coordenação de estágio e que foram supervisoras acadêmicas, assistentes sociais supervisoras de campo e estagiárias, consideradas participantes centrais para a reconstrução dessa trajetória. O objetivo geral consistiu em reconstruir essa trajetória histórica, enquanto os objetivos específicos compreenderam: analisar os marcos institucionais do curso; examinar as transformações curriculares e pedagógicas, com destaque para o papel do estágio como mediação entre teoria e prática; investigar os significados atribuídos à supervisão por professores(as) e supervisores(as); e identificar como políticas educacionais nacionais, como o Currículo Mínimo de 1982 e as Diretrizes Curriculares da ABEPSS de 1996, incidiram na organização do estágio na UFPI. Os resultados evidenciaram que o estágio supervisionado foi se redefinindo à medida que o curso se institucionalizava, expandia suas relações com o campo profissional e incorporava debates nacionais da categoria. As mudanças curriculares expressaram a disputa entre projetos formativos, ora reforçando práticas tecnicistas, ora avançando na direção de uma formação crítica vinculada ao Projeto Ético-Político do Serviço Social. A supervisão emergiu como um espaço estratégico de síntese entre formação e trabalho, mas permaneceu tensionada por limites institucionais, precarização das políticas sociais, aumento das exigências colocadas aos estudantes e desigualdades nas condições de supervisão em campo e na universidade. Conclui-se que a trajetória do estágio supervisionado no Curso de Serviço Social da UFPI revela tanto os avanços construídos coletivamente quanto as permanências de desafios que atravessam a formação e o exercício profissional no país. A análise reafirma a centralidade da supervisão como instrumento pedagógico e como dimensão política da formação, cuja defesa se integra à luta pelo fortalecimento do projeto profissional crítico e pela garantia de condições dignas para ensinar, aprender e exercer o Serviço Social.