Esta dissertação tem o objetivo de analisar a cultura, o conhecimento tradicional e as estratégias de resistência das quebradeiras de coco babaçu do Fortaleza IV, território tradicional localizado no município de Esperantina-PI. Reflete sobre a atuação dessas mulheres diante das transformações sociais, ambientais e econômicas que ameaçam seus modos de vida. Desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGANT), a pesquisa, de abordagem qualitativa e etnográfica, utilizou observação participante, entrevistas, rodas de conversa, oficinas culturais, registros fotográficos e análise documental, complementados por revisão bibliográfica. O lugar de fala da autora, também quebradeira de coco, confere ao estudo um caráter de autoetnografia crítica e situada. Os resultados demonstram que o babaçu ultrapassa sua dimensão material, constituindo-se em símbolo identitário, espiritual e político. As práticas coletivas, os rituais e os cantos tradicionais revelam a relação indissociável entre natureza, cultura e resistência. O território Fortaleza IV destaca-se como espaço de preservação da biodiversidade do Cerrado e de fortalecimento do protagonismo feminino. Conclui-se que o conhecimento tradicional das quebradeiras de coco representa um patrimônio imaterial de valor inestimável, cuja continuidade depende do reconhecimento institucional e de políticas públicas que garantam o livre acesso aos babaçuais e a valorização de seus saberes.