Introdução: O envelhecimento da pessoa que convive com transtorno mental é uma realidade cercada de singularidades, tendo visto que o adoecimento mental implica perda da qualidade de vida. A aplicação da Teoria Transcultural de Enfermagem aliada aos pressupostos da Teoria da biologia do conhecer de Maturana permitiu aprofundar as discussões que culturalmente cercam o envelhecimento e a doença mental. As mudanças de paradigmas do modelo manicomial para o de Atenção Psicossocial por meio da Rede de Atenção Psicossocial se configurou como potencial alicerce para mudanças no modo de viver e no modo de cuidar da pessoa idosa após a desinstitucionalização psiquiátrica. Objetivo: Avaliar os modos de viver e de cuidar da pessoa idosa com doença mental após desistitucionalização psiquiátrica à luz da teoria transcultural de Enfermagem e da teoria da biologia do conhecer de Maturana. Metodologia: Trata-se de um estudo misto no qual foi usada, na primeira etapa, a abordagem quantitativa mediante o levantamento do número de idosos cadastrados nos CAPS com prontuário ativo entre os meses de abril e setembro de 2024, e, na segunda etapa, a abordagem qualitativa com aplicação de Mini Exame do Estado Mental, Escala de Depressão Geriatrica, Escala de Avaliação Funcional Kantz/Lawton e ASSIT. Por fim, a realização de entrevista semi-estruturada, gravada após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O levantamento quantitativo foi representado por uma amostra de 532 idosos com prontuário ativo nos cinco CAPS de Teresina, com predominância do sexo feminino, na faixa etária de 60 a 69 anos, e tempo médio de CAPS de até cinco anos de tratamento. Na etapa qualitativa, 31 participantes foram entrevistados. Resultados: Após sistematização dos dados, formulou-se três categorias segundo análise temática de Minayo: avaliação multifuncional da pessoa idosa que convive com doença mental ferramentas para singularizar o cuidado; o envelhecimento e os modos de viver da pessoa idosa após desinstitucionalização psiquiátrica; modos de cuidar em rede como elo facilitador de saúde e envelhecimento saudável. Os achados desta investigação apontam que o envelhecimento da pessoa idosa que convive com doença mental revela um idoso frágil e vulnerável com perspectivas diversas a depender de seu grau de autonomia e de dependência. Conclusão: Faz-se urgente ampliar as ações voltadas ao idoso que convive com doença mental, garantindo a atuação da equipe multidisciplinar, com destaque para o enfermeiro, aplicando preceitos da Teoria Transcultural de Enfermagem e de Maturana e assim contribuir na formulação de linhas de cuidado e de políticas públicas de saúde mental para pessoas idosas e demais estratégias que possibilitem um envelhecimento ativo e saudável.