Introdução: O sistema prisional carece de recursos adequados para atender as necessidades específicas das mulheres, principalmente no contexto da maternidade. Quando o período gravídico-puerperal ocorre em situação de privação de liberdade, os impactos são negativos, onde se manifestam ansiedade, depressão, angústia e medo. Objetivo: Analisar a vivência de mulheres privadas de liberdade em Teresina - Piauí acerca da gestação e parto. Metodologia: Trata-se de um estudo desenvolvido em duas etapas. A primeira etapa consistiu na elaboração de duas revisões de escopo desenvolvidas em conformidade com o método JBI e utilizando os parâmetros de qualidade do PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR). Na segunda etapa, será realizado um estudo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa, no qual será sustentado pelo referencial teórico da Interseccionalidade de Kimberlé Crenshaw e conduzido com base nas diretrizes do Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ). O cenário de pesquisa será a unidade penitenciária feminina de Teresina - Piauí. Serão incluídas gestantes, independente da idade gestacional e mulheres que vivenciaram o ciclo gravídico-puerperal no ambiente prisional nos últimos dois anos, independente da via de parto, que estejam na unidade penitenciária no momento da coleta de dados ou em prisão domiciliar. A coleta de dados ocorrerá por meio de observação participante, realização de oficinas e entrevistas semiestruturadas. Os instrumentos para coleta de dados incluem: diário de campo, questionário de caracterização sociodemográfica, obstétrica e assistencial das participantes e um roteiro de entrevista semiestruturada. As entrevistas serão realizadas em sala reservada e adequada na unidade prisional ou no ambiente domiciliar, nos diferentes turnos e agendadas individualmente. A análise de dados será realizada por meio da Técnica de Análise Temática Reflexiva proposta por Virginia Braun e Victoria Clarke, com as seguintes etapas: 1) familiarização com os dados; 2) produção de códigos iniciais; 3) elaboração de temas; 4) revisão dos temas; 5) definição e nomeação dos temas; 6) produção do relatório. A análise será complementada pelo software IRaMuTeQ. A pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, aprovada sob Parecer de nº 6.941.096. Resultados parciais: Na primeira revisão de escopo foram selecionados 15 estudos. Evidenciaram-se fragilidades das práticas assistenciais para as mulheres privadas de liberdade durante o trabalho de parto e parto, resultando em experiências adversas permeadas de violências físicas, verbais e psicológicas. Na segunda revisão, 55 estudos compuseram a amostra final. A síntese de evidência mostrou que a vivência da maternidade no ambiente prisional é complexa e, apesar dos aspectos negativos, as mulheres demonstram resiliência e perspectivas futuras positivas.