Introdução: A Educação Permanente é um processo de pensamento contínuo, dinâmico e organizador. É um componente para o desenvolvimento de sistemas de saúde sólidos e sustentáveis, ao incentivar os profissionais a buscarem formações para aprimorar suas práticas. É necessária para enfrentar as desigualdades e desafios na saúde, especialmente em países em desenvolvimento. No Paraguai, políticas implementadas desde 1999 consolidaram essa abordagem, destacando a descentralização e o atendimento às demandas regionais. Na enfermagem, incentiva práticas críticas e o cuidado integral. Seu êxito depende da integração ao trabalho cotidiano e da adaptação às realidades locais, fortalecendo a qualidade da assistência e o desenvolvimento profissional. Objetivo: Compreender a percepção de enfermeiros(as) paraguaios(as) sobre a estratégia de educação permanente em enfermagem implementada em seus serviços. Método: Estudo descritivo de abordagem qualitativa, baseado na perspectiva fenomenológica hermenêutica. Utilizou-se questionário sociodemográfico para identificação das variáveis categóricas e entrevista semiestruturada. Os critérios de inclusão foram: profissionais de enfermagem das 18 regiões de saúde que foram capacitados por meio do INEPEO e que estavam ativos nos serviços de saúde das respectivas regiões. Os critérios de exclusão foram: auxiliares e técnicos de enfermagem, profissionais de enfermagem aposentados ou que se encontravam em licenças. As entrevistas ocorreram de janeiro a abril de 2024. O estudo foi aprovado pelo Comité de Ética de la Investigação em Salud, em 20 de setembro de 2023, na ata nº 4. As variáveis categóricas foram analisadas por meio de estatística simples (média, moda e mediana). As entrevistas foram analisadas com o uso do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ). Para a interpretação dos dados qualitativos, foi utilizado o método fenomenológico de Heidegger. Resultados: Participaram 90 enfermeiros, na sua maioria (77%) do sexo feminino, com tempo de atuação entre 6 e 10 anos (28%), vinculados a hospitais especializados (33%) e, em sua maioria, com nível de graduação (74%). A análise textual resultou em cinco categorias temáticas: a Classe 1 (20,51%) tratou das "Implicações no serviço a partir da educação permanente"; a Classe 2 (24,36%) abordou os "Impactos da educação permanente no cuidado de enfermagem"; e a Classe 3 (17,31%) revelou as "Experiências positivas dos profissionais de enfermagem face à educação permanente". As Classes 4 (13,89%) e 5 (23,93%) abordaram, respectivamente, os "Desafios para a educação permanente no Paraguai" e "O cuidado de enfermagem seguro a partir da educação permanente". Conclusão: Conclui-se que a capacitação pela Estratégia de Educação Permanente em Saúde trouxe melhorias na assistência de enfermagem, na interação com a equipe e na qualidade do cuidado, além de fortalecer a Sistematização da Assistência de Enfermagem. Apesar dos avanços, os treinamentos atuais são insuficientes, exigindo maior frequência e fortalecimento institucional. A formação contínua é essencial para aprimorar a prática profissional e atender às necessidades dos serviços de saúde no Paraguai. Sugere-se pesquisas futuras com abordagens multicêntricas e metodologias mistas, que combinem análises qualitativas e quantitativas, ampliando a representatividade dos achados. Além disso, é importante investigar a perspectiva de outros atores da equipe multiprofissional.