Introdução: Homens que fazem sexo com homens (HSH) correspondem a um dos principais segmentos vulneráveis ao vírus da imunodeficiência humana, sobretudo devido ao crescimento desproporcional da epidemia nesse segmento em países de diferentes níveis socioeconômicos, ocasionando grave problema de saúde pública. Objetivo: avaliar a predisposição ao uso da profilaxia pré exposição ao vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) e fatores associados entre homens que fazem sexo com homens. Método: estudo transversal, analítico, com amostra composta por 320 homens que fazem sexo com homens e desenvolvido no Centro de Testagem e Aconselhamento, na cidade de Teresina, Piauí. No recrutamento utilizou-se a técnica snowball sampling, em que foram selecionadas “sementes”, as quais recrutaram novos participantes até o alcance da população alvo. A coleta de dados foi executada em duas etapas consecutivas, sendo a primeira a realização da testagem para o HIV e aconselhamento, excluindo-se do estudo aqueles com resultado reagente. A segunda etapa consistiu na aplicação de questionário adaptado para caracterização da amostra quanto aos aspectos sociodemográficos, comportamento sexual, conhecimento e aceitabilidade da profilaxia pré-exposição ao HIV, e uma Escala de Percepção de Risco para o HIV. Os dados foram organizados em planilhas do Microsoft Excel e analisados com a utilização do software estatístico RStudio (versão de 2024.09.1+394). Para a análise descritiva, foram usadas, medidas de posição e dispersão. Aplicou-se o teste de Shapiro-Wilk para verificar a pressuposição de distribuição normal das variáveis quantitativas contínuas. Na análise univariada, utilizou-se a Regressão Logística Simples (RLS), com seleção pelo teste de Wald ao nível de 20%. Na análise multivariada, foi utilizada a Regressão Logística Múltipla (RLM) com abordagem bayesiana. Resultados: Foram predominantes HSH na faixa etária entre 20 a 39 anos (90,6%), renda maior que quatro salários mínimos (32,2%) e ensino superior completo (68,4%). A expressiva maioria (92,8%) relatou predisposição ao uso da PrEP para se prevenir de infecção por HIV, embora (81,9%) possuíssem conhecimento insatisfatório sobre a PrEP e (84,70%) tivessem percepção de risco insatisfatória frente ao HIV. A predisposição ao uso de PrEP foi associada a HSH com ensino superior completo (OR=5,56; IC95%=1,03-30,44; p=0,046); ter apresentado sinais/sintomas de IST nos últimos 12 meses (OR= 3,08; IC95%=1,05-9,09; p=0,041) e conhecimento satisfatório sobre a PrEP (OR= 1,69; IC95%=1,01-2,83; p=0,045). Conclusão: Constatou-se elevada predisposição ao uso de PrEP entre HSH da amostra, a despeito do insatisfatório conhecimento sobre a PrEP e insatisfatória percepção de risco frente ao HIV. Compreender os fatores de risco e fatores de proteção ao uso desse importante método de prevenção é essencial para sua expansão e consequente efetividade no controle da epidemia do HIV.