Introdução: A saúde reprodutiva envolve os aspectos relacionados à vivência livre, segura e responsável da reprodução e de todas as funções do sistema reprodutivo. Apesar de todos os esforços empregados mundialmente, o acesso à saúde sexual e reprodutiva (SSR) não acontece de forma ampla e equitativa. Desigualdades sociais e desigualdades relacionadas às questões de gênero e de orientação sexual são alguns dos fatores que atravessam essa questão, dificultando o acesso de determinados grupos à saúde sexual e reprodutiva. No entanto, um longo caminho ainda precisa ser trilhado, o foco nos direitos humanos, a busca por igualdade de gênero e o acesso universal a serviços públicos devem continuar a nortear as ações de governos e da sociedade civil e fazem parte da Agenda 2030. Objetivo: Analisar a prevalência e fatores associados ao uso de métodos contraceptivos por mulheres em idade reprodutiva no município de Teresina – Piauí. Método: Estudo transversal, de caráter descritivo, com análise quantitativa de dados, realizado por meio de amostragem inversa. A amostra foi estimada com base na população de referência listada Secretaria Municipal de Saúde de Teresina (FMS – TERESINA). As entrevistas foram realizadas no domicílio da mulher, após orientação e consentimento da entrevistada por meio da assinatura do Termo de consentimento livre e esclarecido e a entrevista teve duração média de 10 a 20 minutos. Resultados: Foram agrupados em quatro secções, conforme instrumento de coleta de dados. A média de idade das participantes foi de 34,7 anos (desvio padrão = 8,7). 63% das mulheres nasceram e vivem no municipio de Teresina. A análise dos dados socioeconômicos e comportamentais das participantes revela um perfil predominantemente composto por mulheres que se autodeclaram pardas (60,3%), católicas (62,2%), com ensino médio completo (45,8%) e renda familiar concentrada entre 1 e 3 salários mínimos (62,2%). A primeira menstruação ocorreu, em média, aos 12,7 anos (dp = 1,7). A idade da primeira relação sexual (coitarca) apresentou média de 17,1 anos (dp = 4,1). Entre os métodos contraceptivos, os mais citados espontaneamente pelas participantes foram a pílula oral (88,9%), seguida de camisinha masculina (81,2%) e camisinha feminina (73,6%), evidenciando preferência por métodos de barreira e hormonais orais de fácil acesso e familiaridade. A maioria das participantes se declarou heterossexual (97,5%) e apresentou baixa multiplicidade de parceiros sexuais nos últimos seis meses, com 85,5% relatando 1–3 parceiros. O primeiro método contraceptivo utilizado ocorreu, em média, aos 18,4 anos, sendo mais frequentemente o preservativo masculino (48,4%) e a pílula oral (32,8%), predominantemente antes da primeira gestação e da formação de filhos vivos, o que evidencia iniciação contraceptiva precoce e planejamento reprodutivo inicial. Atualmente, 66,4% utilizam algum método para evitar gravidez, com destaque para esterilização feminina (22,7%), pílula (15,2%) e preservativo masculino (14,6%). Conclusão: O estudo evidenciou que o uso de métodos contraceptivos entre mulheres em idade reprodutiva é influenciado por fatores sociodemográficos e reprodutivos, especialmente o nível de escolaridade e a regularidade do ciclo menstrual.