A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, considerada um grave problema de saúde pública, e nos casos da sífilis gestacional, há possibilidade de transmissão vertical, resultando em abortos, natimortos, malformações e óbitos neonatais. Nesse cenário, o estudo teve como objetivo analisar a prevalência e fatores associados a sífilis gestacional em uma maternidade pública do Nordeste, realizado no período de setembro a novembro de 2024. A amostra incluiu todas as gestantes internadas para parto ou atendimento de urgência obstétrica, maiores de 18 anos de idade. Foram excluídas gestantes com agravos clínicos independentes da sífilis, como pré-eclâmpsia, eclâmpsia e infecções concomitantes. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas, análise de prontuários e cartão de pré-natal, utilizando instrumento validado por especialistas. As variáveis estudadas incluíram aspectos sociodemográficos, comportamentais, clínicos e de adesão ao tratamento. A análise estatística contemplou medidas descritivas, testes de associação (qui-quadrado de Pearson, exato de Fisher e t de Student) e regressão logística para identificação de fatores independentemente associados ao seguimento inadequado. Os resultados parciais apontaram predominância de gestantes jovens, com faixa etária entre 18 e 30 anos, escolaridade majoritariamente no ensino médio e renda per capita inferior a um salário mínimo. A maioria declarou-se preta ou parda, solteira, e sem uso regular de preservativo. Entre as participantes, 97% realizaram pré-natal, embora com falhas em número de consultas, início tardio ou ausência de exames seriados. O consumo de álcool foi relatado por mais da metade das gestantes, sendo a cerveja a bebida mais frequente. O uso de drogas ilícitas apareceu em 18,6% da amostra. Observou-se associação estatisticamente significativa entre uso de preservativo e consumo de álcool (p=0,03) e a sífilis gestacional, bem como entre uso de preservativo e drogas ilícitas (p=0,05). A análise multivariada indicou que mulheres com parceiro casual apresentaram maior probabilidade de seguimento inadequado em comparação às com parceiro fixo. Conclui-se: uma elevada prevalência da infecção e fatores associados relacionados principalmente ao comportamento sexual e à vulnerabilidade social, reforçam a necessidade de fortalecer políticas públicas voltadas à triagem precoce, tratamento oportuno, envolvimento dos parceiros e qualificação da atenção pré-natal. Os achados contribuem para o planejamento de estratégias de enfrentamento da sífilis gestacional e prevenção da transmissão vertical, alinhando-se às metas globais de eliminação da sífilis congênita propostas pela Organização Mundial da Saúde.