O presente trabalho tem o objetivo de analisar como as trajetórias de mulheres docentes da antiga Escola Técnica Federal do Piauí, hoje Instituto Federal – Campus Teresina Central que ocupam diferentes lugares de saber nessa instituição tradicional de educação profissional, técnica e tecnológica, reverberam o viés histórico das relações de opressão social, enfrentada e negociada nas relações de gênero, em interface com as disputas de poder na primeira escola de educação profissional da Rede Federal na cidade de Teresina – PI, período de 1971 a 2013. Como fio condutor dessa investigação dos percursos e experiências vividas pelas mulheres docentes, partimos da trajetória da única mulher, professora Rita Martins, a exercer o cargo de Direção Geral, em mais de um século de existência dessa instituição. Os caminhos teórico-metodológicos envolvidos levam em consideração a movimentação das mulheres na luta por direitos sociais e de saber-poder no âmbito público, procurando-se, assim, seguir, a partir do debate das teorias feministas e dos estudos de gênero. Trata-se de uma investigação de caráter qualitativo com uso de fontes que correspondem a documentos oficiais (atas, decretos, legislações, relatórios oficiais; jornais de circulação local, memórias imagéticas e uso de fontes orais (Alberti, 2013; Portelli, 2010). O tratamento analítico das narrativas orais – análise de discurso (Spink, 2000). A fundamentação teórica de referência norteia-se pela perspectiva de gênero como categoria analítica (Scott, 2021, 1990), elemento constitutivo das relações sociais que perpassam as relações de poder (Bourdieu, 1999; Foucault, 1992;1998), na interconexão com os saberes generificados (Harding, 1996; 2003) cruzando com os conceitos de ‘diferença como relação social’ e a ‘experiência’ como lugar de formação do sujeito’ (Avtar Brah, 2006).