Esta tese tem como objetivo analisar a implementação do Projeto Sertanejo no Estado do Ceará, especificamente no Núcleo de Sobral, no período entre 1976 a 1983. Procuramos entender a relação desse Programa com o homem do campo, bem como quem foram aqueles que se beneficiaram a partir dos critérios de seletividade. São analisadas as políticas de irrigação executadas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), atentando para a política desenvolvimentista do Estado durante a década de 1970 e que pretendia modernizar o campo através do Programa Sertanejo. Através das memórias e histórias dos sertanejos procuramos entender também a relação do homem com a natureza, especificamente aqueles que não possuíam ou eram pequenos proprietários de terras. Para o desenvolvimento da pesquisa foram analisados os jornais Tribuna do Ceará, Correio do Ceará disponíveis na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel e Correio da Semana, pertencente a Cúria Diocesana de Sobral bem como, documentos do DNOCS como livros de Tomos e relatórios. Também são analisados os documentos digitais como as atas do Conselho deliberativo da Sudene e, por fim, as entrevistas realizadas com agricultores dos distritos sobralenses de Aracatiaçu e Taperuaba e o livro Terra do Sol de Gustavo Barroso. Na perspectiva da história social inglesa dialogamos com Eduard Palmer Thompson, procurando entender os costumes dos grupos de agricultores do Núcleo do Projeto Sertanejo em Sobral. O diálogo com Albuquerque Junior (1999, p.74) nos proporciona uma reflexão sobre a construção da memória hegemônica acerca do Nordeste, atentando também para o que chama de “políticas compensatórias dos governos”. Diante disso, buscamos compreender a implantação desse projeto para o homem do campo e isso engloba pequenos produtores e agricultores sem terras que representavam um dos grupos no qual o programa deveria beneficiar.