O processo histórico de construção e afirmação do estado imperial brasileiro perpassou, ao longo dos anos, uma série de divergências políticas e embates provinciais que abrangem desde as lutas pela independência do Brasil até a primeira metade do século XIX. A tese que aqui se apresenta visa analisar a contribuição do Piauí na formação e afirmação do estado imperial brasileiro, nos anos de 1823-1825, compreendendo o constitucionalismo como ponto chave das dissensões internas. Buscou-se analisar como as elites locais articulam-se no poder nos primeiros anos pós-emancipação política e participam da consolidação do estado. As fontes primárias utilizadas foram ofícios e correspondências de Manuel de Sousa Martins, então presidente temporário da província do Piauí, com a Corte situada no Rio de Janeiro. Buscou-se ainda no periódico maranhense o Conciliador do Maranhão, compreender o ideário político de um dos principais expoentes do constitucionalismo no Piauí, o juiz de fora João Candido de Deus e Silva. Utilizaram-se ainda documentos relacionados à Confederação do Equador na província piauiense, disponíveis nas obras de Ulysses Brandão e Abdias Neves, além da Constituição de 1824 e algumas leis e decisões do Império do Brasil, analisados à luz da historiografia. A partir da crise do Antigo Regime, das lutas pela independência no Piauí e do movimento da Confederação do Equador, construiu-se um debate em torno das divergências e rupturas políticas, dentro da província piauiense. Nesse intuito, inquiriram-se as ações e atitudes do presidente temporário Manuel de Sousa Martins, procurando entender como elas colaboraram para o fortalecimento do estado imperial brasileiro.