Este trabalho realiza um estudo histórico sobre a participação de humoristas e o uso do humor nas propagandas eleitorais das eleições municipais de Teresina, capital do Piauí, em 2012. Para isso, são analisadas peças publicitárias políticas que contaram com a atuação dos comediantes piauienses João Cláudio Moreno, Amauri Jucá e Dirceu Andrade, além dos discursos gerados em torno de suas atuações. As propagandas protagonizadas pelos humoristas tornaram-se um ponto de confronto entre as campanhas das duas coligações que chegaram ao segundo turno, nas quais os candidatos buscavam reforçar a necessidade de sua vitória enquanto desqualificavam a gestão do adversário. A contratação desses humoristas também gerou debates sobre um suposto esvaziamento de propostas e a superficialidade nas propagandas eleitorais. A análise baseia-se em vídeos dos programas eleitorais disponíveis na plataforma YouTube; nos cadernos de política dos jornais O Dia e Meio Norte, que cobriram o processo eleitoral; em matérias de portais digitais, como CidadeVerde.com, 180 Graus e G1; e em publicações na rede social Twitter, onde eleitores e opositores se manifestaram sobre essas propagandas. Além disso, são utilizados dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes às eleições de 2012, e informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que permitem traçar o perfil de Teresina no período analisado e relacioná-lo ao tema em questão. A construção desta análise fundamenta-se em autores como René Rémond (2003), que defende a importância de estudar as eleições como um fenômeno digno de atenção em si, para além de suas consequências ou modificações ensejadas; Terry Eagleton (2020), que enxerga o riso não apenas como uma reação fisiológica, mas como um fenômeno atravessado pela cultura; Bernard Manin (1995), que destaca as transformações na dinâmica eleitoral provocadas pelas tecnologias de informação; e Cláudia Fontineles (2009), ao refletir sobre estratégias de evocação e associação da imagem a lugares inscritos na geografia como forma de combater o esquecimento, essencial para compreender as propagandas eleitorais protagonizadas por comediantes que buscavam atribuir a seu candidato a autoria de intervenções urbanas dignas de “aplausos”. O trabalho também incorpora as reflexões de Maria Capelato (1988), que aborda a História da Imprensa no Brasil como uma via para compreender a História Política do país. Nesse sentido, dialoga-se com os campos da História Política, História Cultural e História e Mídia, entendendo a história como uma ciência pluridisciplinar, que rejeita qualquer forma de isolamento.
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