A presente pesquisa tem por objetivo analisar os mecanismos de espacialidade na poesia em Libras da literatura surda brasileira, presentes nos poemas de Fernanda Machado, Renata Freitas, Leonardo Castilho e Edvaldo Santos, com o intuito de evidenciar possíveis relações entre o espaço delineado nessas composições e os aspectos da realidade política, social e cultural do povo surdo. O estudo tem como ponto de partida a seguinte questão: quais mecanismos de espacialidade estão presentes na poesia em Libras da literatura surda brasileira? Do ponto de vista teórico, no primeiro capítulo, as produções são exploradas a partir da compreensão dos conceitos de corpo, performance e espacialidade. No segundo capítulo, trabalhamos com os conceitos de Topofilia, Topofobia e Gradientes Sensoriais, do geógrafo humanista Yi-Fu Tuan (2005) e no terceiro capítulo, dialogamos com os conceitos de Rasura e Heterotopia, abordados por Derrida (1973) e Foucault (1967), respectivamente. Esses conceitos abrangem diferentes aspectos da esfera espacial no campo literário, incluindo sua composição simbólica, as relações que estabelece com a cultura e a sociedade, sua dimensão afetiva, as projeções de sentido e as formações discursivas. O corpus literário mobilizado na análise é composto por poemas sinalizados, produzidos e publicados no YouTube e no Instagram, nos quais examinamos os mecanismos de espacialidade presentes nessas obras. A partir desses pressupostos, priorizamos a análise do espaço nos poemas, considerando seu papel fundamental para a valorização da língua de sinais e da identidade surda. Além disso, essas produções contribuem para a ampliação do debate sobre a literatura surda e o fortalecimento dos sujeitos surdos na luta pelo respeito à sua cultura.