Osman da Costa Lins (1924-1978) é um escritor brasileiro pernambucano cuja produção permeia, principalmente, a escrita de contos, novelas, romances e peças teatrais. Como objetivo geral se almejou analisar o modo pelo qual a arquitetura impacta nos estados emocionais e cognitivos dos personagens, ativando respostas neurais e modulando suas emoções e comportamentos. O romance Avalovara (1973) de Osman Lins é considerado pela crítica como uma obra disruptiva sobretudo por sua organização estrutural: oito linhas narrativas distintas contadas em um movimento espiralar, que intercruzam umas às outras. Porém, não somente as questões estruturais de sua organização são dignas de interesse, principalmente porque forma e conteúdo não devem ser dissociados. Na obra em questão, elementos estruturais da narrativa, como espaço e personagem estão intimamente ligados com a sociedade, visto que Abel, em meados do século XX, transita pelo Brasil, mais especificamente pelas cidades de São Paulo capital e Recife, e pela Europa, nos países Holanda, Inglaterra, França, Alemanha, Irlanda, em uma jornada que lhe proporciona crescimento pessoal e maturação de sua criação literária. Tendo em vista a acentuada materialização que a arquitetura possui no romance Avalovara (1973), de Osman Lins, esta pesquisa partiu do seguinte problema: “Qual a relação entre arquitetura e os personagens representados na obra Avalovara (1973), de Osman Lins?”. Quanto aos objetivos específicos, empenhou-se em: 1) Investigar a experiência do deslocamento entre macroespaços e microespaços como uma prática estética que formaliza a natureza nômade do sujeito pós-moderno; 2) Analisar o modo como o espaço construído contribui para a construção da arquitetura linguística singular no romance; e 3) Analisar como os aspectos da cor, iluminação, textura e material afetam os corpos dos personagens na constituição do espaço experiencial. Amparada pelos princípios da Literatura Comparada, a análise das fontes seguirá um modelo de crítica dialética, que busca estabelecer relações entre as estruturas internas da obra literária e os elementos extrínsecos ao texto, como a sociedade, o urbanismo e a cultura. O trabalho irá propor, assim, uma síntese conceitual por meio da tese e antítese presentes no discurso literário, com o objetivo de alcançar a essência da contradição que permeia a obra e entender como essa tensão se reflete na construção da narrativa e da experiência espacial. Textualmente, o trabalho irá se organizar em torno de três capítulos temáticos. O primeiro objetivará discutir a experiência do deslocamento/nomadismo/errância enquanto prática estética, para tanto serão utilizados, principalmente, os pensamentos de Francesco Careri (2013), Michel Maffesoli (2001). O segundo capítulo irá analisar de que modo o espaço construído contribui para a construção da arquitetura linguística singular no romance, pautando-se, principalmente, em um diálogo com a fortuna crítica já existente sobre o espaço ficcional em Avalovara, Andrade (2013), Dalcastagnè (2000) e Caruccio (2015), bem como a relação entre espaço ficcional e real no romance com base nos pensamentos de Iser (2013) e Candido (2023). O terceiro capítulo discutirá aspectos de ambientação responsáveis por constituir o espaço experiencial e serão utilizados, sobretudo, os estudos de Juhani Pallasmaa (2011), Lucy Huskinson (2021) e Vilma Villarouco (2021).