Em um cenário onde o discurso de ódio ganha força e a desinformação se espalha de maneira vertiginosa, as mulheres negras se tornam os principais alvos de ataques nas redes sociais digitais. Diante desse cenário, o presente trabalho tem o objeto de compreender como os desdobramentos dos discursos de ódio são direcionados a jornalistas negras diante do fenômeno da desinformação. Para isso foi selecionado os casos das jornalistas negras Bianca Santana, Maju Coutinho e Gabi Coelho. A análise das narrativas será realizada de modo interpretativo com caráter qualitativo, tendo como suporte teórico-metodológico a Hermenêutica em Profundidade (HP) de John Thompson (1995), realizado em três etapas análise, o contexto sócio-histórico, a análise discursiva e o processo de interpretação/reinterpretação. Além disso, a Roleta interseccional de Fernanda Carrera (2020), nos auxiliará na segunda etapa. A pesquisa se justifica, a partir da necessidade de estudos que desvelem o discurso de ódio vinculado ao fenômeno da desinformação, direcionados as mulheres negras, especialmente as profissionais da instituição jornalística, uma vez que esses ataques atingem não somente as vítimas, mas todas que compõem esse grupo que seguem marginalizado na sociedade contemporânea. Diante disso, o trabalho apresenta seis capítulos divididos em capítulos teóricos, aporte metodológico e análise das narrativas. O primeiro capítulo apresenta a introdução do estudo, pontuando os objetivos e a justificativa. No segundo, conceituamos o ódio e sua propagação nas redes sociais digitais, além da relação entre discurso de ódio, desinformação e adversarial desinformation. No terceiro capítulo, destacamos o fenômeno da desinformação e seus desdobramentos na contemporaneidade, pontuando os impactos na instituição jornalística e o acionamento de afetos. No quarto capítulo, apresentamos as mulheres negras como os principais alvos do discurso de ódio nas redes sociais digitais. No quinto capítulo, analisaremos os casos das jornalistas que foram vítimas de discursos de ódio de cunho racista e misógino, sendo descredibilizadas como jornalistas, além de sofrerem também com a disseminação de narrativas desinformativas. Ao final, os resultados obtidos apontam que o discurso de ódio é potencializado por meio da desinformação tendo como finalidade determinar a invisibilidade e o silenciamento das mulheres negras. No entanto, as mulheres negras seguem resistindo mesmo diante dos inúmeros ataques, xingamentos e agressões.