INTRODUÇÃO: As Doenças Tropicais Negligenciadas: doença de Chagas, a tripanossomíase
africana e dengue, afetam milhões de pessoas, especialmente em regiões de baixa renda, onde os
tratamentos disponíveis apresentam limitações, toxicidade elevada e resistência parasitária. A
busca por novos compostos bioativos é essencial para o desenvolvimento de terapias mais
eficazes e seguras. O jaborandi (Pilocarpus microphyllus), uma planta nativa do Brasil, contém
alcaloides como pilocarpina, epiisopiloturina, epiisopilosina, isopilosina, pilosina e macaubina,
que demonstram potencial atividade antiparasitária e antiviral. Esse estudo teve como objetivo,
avaliar as interações moleculares dos alcalóides de P. microphyllus com proteínas dos parasitos
T. cruzi, T. brucei, e proteínas NS1, NS4, NS4A, NS4B do vírus da dengue (DENV) por meio de
docagem molecular, visando a descoberta de candidatos para o tratamento de DNTs.
METODOLOGIA: A pesquisa foi organizada em três capítulos: Capítulo 1: Complexos metálicos como potenciais agentes anti-Trypanosoma: uma revisão bibliográfica. Capítulo 2: Avaliação da atividade anti-trypanosoma de alcalóides do Pilocarpus microphyllus por docking molecular: Uma busca por novos medicamentos para a doença de Chagas. Capítulo 3: Resultados da síntese e caracterização de alcaloides de Pilocarpus microphyllus, complexos metálicos, bem como docagem molecular de proteínas do vírus da dengue e alcaloides, organizados em uma seção de resultados não publicados em periódicos. RESULTADOS: Na revisão foi observado que os estudo com complexos metálicos, demonstraram potencial atividade antiparasitária contra T. cruzie T. brucei, com alta seletividade e baixa toxicidade. As simulações computacionais indicaram que os alcaloides do jaborandi possuem atividade anti-Trypanosoma, atuando sobre proteínas essenciais ao metabolismo de T. cruzie T. brucei. A síntese dos complexos metálicos de epiisopiloturina e epiisopilosina com zinco foi eficiente na complexação do metal, conforme evidenciado pelas análises de FTIR. A docagem molecular revelou que a epiisopilosina e a epiisopiloturina apresentaram a maior afinidade com a proteína NS4A, essencial para a formação de estruturas virais que favorecem a replicação e transcrição do RNA viral. Dessa forma, a interação desses alcaloides com aminoácidos críticos pode comprometer esse processo, dificultando a continuidade da infecção. CONCLUSÃO: Com base nos resultados obtidos, conclui-se que os alcaloides do jaborandi apresentam potencial atividade anti-Trypanosoma, atuando sobre proteínas essenciais ao metabolismo de T. cruzie T. brucei, com destaque para a epiisopilosina, que demonstrou a melhor afinidade molecular. Além disso, a epiisopilosina e a epiisopiloturina exibiram interações significativas com a proteína NS4A do vírus da dengue, sugerindo um possível efeito inibidor na replicação viral. A síntese dos complexos de epiisopiloturina e epiisopilosina com zinco revelou um potencial promissor para a complexação de metais, o que pode contribuir para a otimização das propriedades farmacológicas desses compostos. Esses achados destacam a necessidade de estudos adicionais para avaliar a estabilidade, biodisponibilidade e eficácia desses complexos, visando o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para o tratamento de doenças tropicais negligenciadas.