As leishmanioses compõem um grupo de doenças tropicais negligenciadas causadas por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos pela picada de flebotomíneos. Estão entre as enfermidades mais desafiadoras em termos de saúde pública, devido à diversidade clínica, alta morbidade e limitações nas opções terapêuticas disponíveis, que incluem toxicidade, custos elevados e o surgimento de cepas resistentes. Diante desse cenário, a busca por alternativas mais eficazes e seguras tem motivado investigações com produtos naturais, entre eles os óleos essenciais. O óleo essencial de Eugenia patrisii Vahl (OEEp), uma espécie da família Myrtaceae encontrada na região amazônica, é rico em sesquiterpenos hidrocarbonetos (como germacreno D e biciclogermacreno) e, em menor proporção, sesquiterpenos oxigenados (como espatulenol), estes compostos possuem atividade antiparasitária relatadas. Apesar do potencial farmacológico dessa espécie, ainda são escassos os estudos sobre sua ação contra Leishmania spp. Este estudo teve como objetivo avaliar a atividade antileishmania do OEEp frente a Leishmania (Leishmania) amazonensis, além de investigar sua citotoxicidade em macrófagos J771.A1 e seus mecanismos de ação. Os resultados demonstraram que o OEEp possui expressiva atividade leishmanicida in vitro, com inibição do crescimento de formas promastigotas e amastigotas axênicas nas maiores concentrações testadas O OEEp apresentou valores de CI₅₀ de 2,72 µg/mL para formas promastigotas, CE₅₀ de 2,30 µg/mL para amastigotas axênicas e 3,48 µg/mL para amastigotas intramacrofágicas, todos significativamente inferiores aos observados para a miltefosina, fármaco de referência. A citotoxicidade foi baixa (CC₅₀ = 233,1 µg/mL), resultando em um índice de seletividade (IS) superior a 40. Além disso, o tratamento com OEEp reduziu a carga parasitária intracelular em macrófagos infectados, promoveu danos à membrana plasmática do parasita, inibiu a enzima tripanotiona redutase e estimulou a resposta imune, com aumento na produção de TNF-α e IL-12, e redução de citocinas Th2 (IL-6 e IL-10). Os achados indicam que o OEEp possui ação leishmanicida potente, associada a múltiplos mecanismos de ação e baixa toxicidade para células hospedeiras, destacando-se como um candidato promissor ao desenvolvimento de novas terapias contra a leishmaniose.