A crescente resistência antimicrobiana representa um desafio global, impulsionando a busca por estratégias inovadoras que utilizem biomateriais sustentáveis com potencial bioativo. Nesse contexto, a goma do cajueiro (Anacardium occidentale L.), um polissacarídeo natural abundante no Nordeste brasileiro, destaca-se por sua biocompatibilidade e possibilidade de modificação química. Este estudo teve como objetivo investigar a modificação da goma do cajueiro por sulfonação utilizando o reagente 3-cloro-2-hidroxi-1-propanossulfonato de sódio (CHPS), avaliando suas características estruturais e atividades biológicas. A modificação foi confirmada por espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), que revelou deslocamentos na banda O–H e surgimento de sinais atribuídos ao grupo sulfonato (–SO3−), além da ausência da banda C–Cl, indicando reação química efetiva. O grau de substituição (GS) obtido foi baixo a moderado (0,1727 para GCS1 e 0,1595 para GCS2), compatível com condições brandas de reação. Na avaliação da atividade antioxidante, as
amostras apresentaram inibição entre 35% e 42%, valores semelhantes à goma natural, enquanto nos ensaios antimicrobianos não foi observada inibição frente às cepas Staphylococcus aureus ATCC 29213 e Escherichia coli ATCC 25922, nas concentrações testadas (7,8 a 1000 μg/mL). Os resultados indicam que a rota de sulfonação proposta é viável, porém ajustes experimentais — como aumento do GS e variação das concentrações — são necessários para ampliar a bioatividade. O estudo contribui para o desenvolvimento de rotas mais sustentáveis e seletivas para a funcionalização de biopolímeros, com potencial aplicação em sistemas biomédicos e biotecnológicos.