Esta dissertação investiga a cadeia operatória do couro entre os vaqueiros do município de União, no Piauí, compreendendo o processo que vai da obtenção da pele ao uso das peças no corpo do vaqueiro. O estudo busca compreender a materialidade do couro não apenas como recurso técnico, mas também como expressão de identidade, memória e pertencimento. A pesquisa articula um referencial teórico-metodológico ancorado em autores como André Leroi-Gourhan e Pierre Lemonnier, associando os conceitos de cadeia operatória e materialidade às práticas e saberes locais. O trabalho de campo foi desenvolvido por meio de observações, registros fotográficos e audiovisuais, além de entrevistas com beneficiadores do couro, artesãos, vaqueiros e familiares de Chico Teófilo, figura emblemática da luta e da organização da classe. Os resultados apontam que as peças de couro ultrapassam sua dimensão utilitária de proteção, revelando significados simbólicos que reafirmam a resistência cultural do vaqueiro e sua inscrição na memória coletiva da região. Dessa forma, a dissertação evidencia o couro como mediador entre técnica, corpo e cultura, situando o vaqueiro como protagonista de um patrimônio imaterial que resiste e se reinventa no tempo.