Esta dissertação tem como objetivo investigar como os Tremembés das aldeias Tapera, Batedeira e Varjota, na Terra Indígena de Almofala (CE), percebem e atribuem significados às mudanças em sua paisagem costeira e nos sítios arqueológicos distribuídos por seu território. O estudo articula as abordagens teóricas da arqueologia da paisagem, colaborativa e história oral para poder compreender como os fatores naturais (como a ação do mar e o movimento das dunas) e as diversas intervenções humanas (como os empreendimentos econômicos e as pressões territoriais) afetam a relação que a comunidade tem com os seus vestígios arqueológicos e com o território. Esta pesquisa está sendo realizada por meio do levantamento bibliográfico, prospecções arqueológicas de caráter não-interventivo e entrevistas temáticas, no intuito de valorizar as narrativas e as memórias Tremembés como fontes centrais na investigação científica. No andamento da pesquisa até este momento, os resultados indicam que a paisagem não é percebida somente como espaço físico, mas também como um território vivo, mas é atualizado de forma contínua pelas práticas cotidianas, memórias coletivas e as experiências simbólicas vivenciadas. Assim, a dissertação pretende contribuir e agregar aos debates da arqueologia colaborativa e indígena, buscando reforçar a importância de práticas de pesquisa que reconheçam a agência da comunidade na produção do conhecimento científico bem como na preservação do patrimônio cultural.