O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição neuroatípica comum e com impacto significativo ao longo da vida. Os pais são os primeiros a perceberem sinais de preocupação no desenvolvimento infantil por volta dos 12 meses de idade. Porém, há um intervalo significativo entre o surgimento desses primeiros sinais e a confirmação de um diagnóstico definitivo de TEA. Diversos fatores estão relacionados para esse atraso, como a falta de preparação de profissionais de saúde para diagnosticar, encaminhamentos tardios, confusão entre os sintomas do TEA e outras condições, além de um sistema de saúde pouco efetivo às necessidades da comunidade. Desta forma, percebe-se que as equipes de saúde precisam estar preparadas com o conhecimento e as habilidades necessárias para lidar com a realidade nos serviços de saúde. Embora as terapias não sejam uma responsabilidade exclusiva das Estratégias de Saúde da família, o fato dessas equipes serem compostas por profissionais de diversas áreas e atuarem como um ponto de acesso mais direto para as famílias de crianças neuroatípicas, tem gerado uma demanda crescente por orientações e intervenções. Assim como questão norteadora do estudo temos quais os saberes e práticas dos profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) sobre o manejo das crianças com suspeita de TEA? A hipótese é que os profissionais da APS necessitam ampliar os saberes e práticas sobre o manejo de crianças com suspeita de TEA. Como objetivo, busca-se compreender os saberes e práticas dos profissionais de saúde da APS sobre o manejo das crianças com suspeita do TEA. O estudo em sua essência, configura-se como qualitativo, exploratório e descritivo. A avaliação será feita com base na interpretação das entrevistas que serão realizadas com os profissionais das eSF e eMulti dos municípios de Oeiras, Picos, São João do Piauí e Teresina. O instrumento para a coleta de dados será um questionário de entrevista semiestruturado. O processamento dos dados será realizado através do software qualitativo Iramuteq. A análise dos dados será feita seguindo as etapas da análise de conteúdo proposta por Bardin. Espera-se que os achados desta pesquisa auxiliem na avaliação da compreensão e das práticas dos profissionais da APS em relação ao TEA. Dada a escassez de estudos focados nesse tema, este estudo é particularmente pertinente para a Saúde da Família, pois fundamentado no conhecimento desses profissionais, pretende-se delinear o perfil da realidade que eles enfrentam e promover uma reflexão sobre a importância das formações e atualizações acerca do tema e do uso de instrumentos validados no Brasil para a triagem e diagnóstico precoce do TEA.